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VXY Mogiana em MG
Indice de estações
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Tamatamerim
Vitória de Santo Antão
Pombos
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Linha Centro - 1950
...
ESTIVE NO LOCAL: NÃO
ESTIVE NA ESTAÇÃO: NÃO
ÚLTIMA VEZ: N/D
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E. F. Central de Pernambuco (1886-1904)
Great Western (1904-1950)
Rede Ferroviária do Nordeste (1950-1975)
RFFSA (1975-1996)
VITÓRIA DE SANTO ANTÃO
(antiga VICTORIA)
Município de Vitória de Santo Antão, PE
Linha Centro - km 51 (1960)   PE-3225
Altitude: 146 m   Inauguração: 09.01.1886
Uso atual: centro de artesanato (2010)   com trilhos
Data de construção do prédio atual: n/d
 
 
HISTORICO DA LINHA: A Estrada de Ferro Central de Pernambuco foi aberta em 1885, de Recife a Jaboatão, pela Great Western do Brasil, empresa inglesa que mais tarde viria a incorporar quase todas as ferrovias de Pernambuco, estendendo-se pelos Estados limítrofes. Aos poucos, a linha foi sendo estendida, somente chegando ao seu extremo, em Salgueiro, no ano de 1963, sem se entroncar com linha alguma na região. Antes disso, em 1950, a União incorporou a rede da Great Western, que passou a se chamar Rede Ferroviária do Nordeste. A EFCP passou a se chamar Linha Centro. Esta linha, que como toda a RFN passou a ser controlada pela RFFSA a partir de 1957, passou a ser operada por esta a partir de 1975. Em 1983, os trens de passageiros foram suprimidos e mantidos apenas no trecho entre Recife e Jaboatão, como trens de subúrbio. Atualmente (2005), de Jaboatão para a frente, a linha está abandonada, sem movimento ferroviário por parte da CFN, concessionária da linha desde 1997.
 
A ESTAÇÃO: A estação de Victoria foi inaugurada em 1886.

O nome da cidade e da estação foi alterado para Vitória de Santo Antão no último dia do ano de 1943.

A estação passou por alguns episódios interessantes na época da Coluna Prestes (anos 1920): "Na mesma época que a Coluna Prestes se encontrava no Nordeste foi transferido do Rio de Janeiro para o Recife o tenente Cleto da Costa Campelo Filho, que havia prometido ao comando da Coluna Prestes que iria levantar parte do Exército em Pernambuco e juntar-se à mesma na região do Pajeú. No Recife estavam alguns oficiais revoltosos, participando da tropa secretamente outros na clandestinidade, que programavam fazer um levante. Era época de Carnaval e o articulador do movimento foi o jovem tenente Cleto Campelo. O plano foi descoberto, alguns conspiradores presos e o levante fracassou.

Cleto Campelo conseguiu fugir para Jaboatão, onde junto com 25 companheiros tomou a cadeia pública e as oficinas da Great-Western, libertou os prisioneiros prendeu os policiais e cortou a linha telefônica para o Recife. Apossaram-se da munição que existia na estação ferroviária, tomaram o trem de passageiros descarrilando os vagões que não precisavam utilizar. Integraram ao movimento alguns operários da Great-Western, saquearam parte do comércio e viajaram pela ferrovia Central com paradas sucessivas em Tapera, Vitória de Santo Antão e Pombos. Em Vitória de Santo Antão os rebeldes passavam de 80 homens, almoçaram no Hotel Fortunato e seguiram em frente. Em Gravatá os legalistas haviam organizado a resistência. os revolucionários desceram do trem e foram surpreendidos com muitos tiros.

O tenente Cleto Campelo caiu morto. era 18 de fevereiro de 1926. A derrota trouxe grande desgosto para os revoltosos e começou a desistência de vários componentes da tropa, porém o comandante substituto, tenente Valdemar Lima, dominou a situação. Valdemar Lima, pernambucano de Recife, conhecido como "Tenente Limão", ordenou o maquinista a seguir em frente com destino Bezerros-Caruaru. No entanto, devido a uma sabotagem, o trem
descarrilou alguns quilômetros antes da cidade de Caruaru, num povoado denominado Gonçalves Ferreira.

No momento outros rebeldes fugiram, ficando com o tenente apenas 30 companheiros. O tenente Valdemar Lima, depois da queda do trem, sem condução e muito preocupado, desistiu do plano, que era chegar às margens do Rio São Francisco, onde se encontrava uma parte da Coluna Prestes comandada pelo tenente João Alberto Lins de Barros, esperando o tenente Cleto Campelo, até receber a notícia
do fracasso dos companheiros do Recife. A Coluna atravessou o Rio São Francisco com destino ao Sul" ("A origem de Topada", autor desconhecido, site mq.nlink.com.br).

A estação estava muito bem preservada pela prefeitura em 2010. O pátio da antiga estação, nem tanto (ver artigo mais abaixo nesta página). O girador de locomotivas encontrava-se em 2010 soterrado em baixo da feira colocada no pátio da estação.

Em 2021 a estação se encontrava fechada para reforma, ao me aproximar um pouco constatei que esta é realmente necessária, pois está muito degradada. O prédio principal funcionava como sede da secretaria municipal de cultura esporte e turismo, já o armazém é sede da associação de bombeiros civis de Vitória, tive que subir no pontilhão para conseguir fazer um foto minimamente boa.Com relação a capacidade operacional da ferrovia, eu não fiquei surpreso com o que vi, era de se esperar trilhos roubados e leito ocupado numa ferrovia que não vê trens desde o início dos anos 2000. Vitória de Santo Antão é uma cidade que cresceu muito em área e economia, a cidade engoliu a ferrovia (Rodrigo Henrique, 18/10/2021).

1886
AO LADO:
Notícia da inauguração da estação de Victoria, em 13 de março de 1886 - a notícia foi dada com mais de dois meses de atraso no jornal (O Pharol, 13/3/1886).

ACIMA: A estação e a cidade em 1925 (Revista de Pernambuco, janeiro de 1925).

1934
AO LADO:
Criticas da cidade de Vitoria ao tratamento pelo GWBR (Diario da Manhã, 4/2/1934).

ACIMA: Locomotiva a vapor da Great Western na estação. Anos 1940? (Autor desconhecido).


ACIMA: Diagrama do antigo pátio de Vitória de Santo Antão. Notar a presença de uma rotunda descoberta (veja desenho em forma de leque) (Autor e data desconhecido).


ACIMA: Mapa do município de Vitória de Santo Antão nos anos 1950. A linha Centro cruza-o de leste a oeste com 3 estações (Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, IBGE, volume IV, 1958).
1966
AO LADO:
Interrupção por queda de um vão de ponte próxima a Vitoria de Santo Antão (Diario da Manhã, 20/6/193466).
No final de setembro de 1981, ainda havia trens para Vitória de Santo Antão e a população pedia mais trens - era uma ida e volta por dia e tinha lotação excessiva, pois a passagem custava Cr$ 30 contra Cr$ 100 dos ônibus (Diário de Pernambuco, 29/9/1981). Em 23/10/1981, são anunciados novos horários: A partir de 24 e 25/10 (sábado e domingo) seriam cancelados os trens de subúrbio entre Recife e Vitória de Santo Antão, para execução de serviços da via permanente (Diário de Pernambuco, 23/10/1981). Teria sido este o fim definitivo desse trem de subúrbio? Continuaria entretanto o Recife - Salgueiro (que parava em Vitória), mas seria alterado para Moreno - Salgueiro (aparentemente também nesse sábado e domingo). Em fevereiro do ano seguinte, a saída dos trens para Serra Talhada (não iam mais até Salgueiro?) já estava novamente em Recife, mas denunciam usuários das linhas de Serra Talhada e Maceió que "faltam água e comida nos trens, o carro-restaurante fecha logo que o trem se afasta da região metropolitana do Recife. Há falta d'água e os bancos são sujos com poeira e até vômitos" (Diário de Pernambuco, 7/2/1982). Como podia uma empresa federal, como a RFFSA, oferecer um transporte desse nível para os usuários? Era certamente uma forma de afastá-los de vez, fechar a linha e dizer que a culpa foi dos passageiros, que deixaram de usá-lo. Foi esta a última notícia que consegui sobre os trens de passageiros da linha Centro. Quando terão terminado de vez? Não deve ter demorado muito.
1982
AO LADO:
O fim dos trens de passageiros para Vitoria de Santo Antão foi um processo traumático para os passageiros e cheio de exemplos de como uma empresa não se deve tratar seus usuários (Diário de Pernambuco,
7/2/1982
).

ACIMA: Ponte ferroviária metálica à saída da cidade de Vitória de Santo Antão, em 2008 (Foto Sydney Correa).
A estação e seu pátio em 2010 - Relatório apresentado pelo IPHAN em 2010 mostra que o conjunto ferroviário em Vitória de Santo Antão é composto por estação, armazém, pátio, caixa d'água, sanitários, alojamento, garagens de troller, giratória, viaduto e ponte-gaiola, Está situado entre as praças Leão Coroado e 03 de Agosto, em zona urbana bastante adensada de uso misto, ou seja, residencial e comercial. A posição dos imóveis é feita ao longo dos trilhos e obedece a seguinte ordem: em primeiro plano tem-se a estação e o armazém posicionados um de frente para o outro, seguidos da caixa d'água, sanitários e garagem todos localizados lado a lado, no mesmo alinhamento da estação. Do lado oposto dos trilhos, ou seja, no mesmo alinhamento do armazém, está a garagem de troller, o alojamento, o girador e a casa do agente, mais recuada. Essa esplanada se encontra totalmente inserida em um contexto urbano bastante consolidado, resultado de uma cidade que se expandiu e ainda hoje exerce pressão sobre o conjunto ferroviário comprometendo, dessa forma, a sua integridade e identidade. O conjunto operacional da esplanada de Vitória composto por garagem de troller, alojamento, sanitário, caixa d'água e girador, todos em estado precário de conservação. A garagem de troller e o alojamento se encontram atualmente ocupados por uma oficina e um bar, respectivamente. Ambos tiveram as suas volumetrias bastante modificadas através do acréscimo de área construída, porém é possível ainda encontrar vestígios e traços originais. A caixa d'água com base maciça em alvenaria e tanque de armazenamento de água em ferro fundido e o sanitário de planta quadrada e telhado em quatro águas, estão também ocupados com uso desconhecido e cercados com gradis de madeira. O girador, completamente tomado pelo mato, serve hoje de depósito de lixo.
2008
AO LADO:
Extraído do relatório Iphan, Inventário do Patrimônio Ferroviário em Pernambuco, em 2008/2009.

ACIMA: Por aqui passou um dia o trem em Vitoria de Santo Antão (Foto Rodrigo Henrique em 18/10/2021).

(Fontes: Rodrigo Henrique; Luiz Ruben F. de A. Bonfim; Sydney Correa; Fernando Verçosa; Peixebeta; Revista de Pernambuco, 1925; O Pharol, 1886; Via Expressa de Notícias, 9/1/2013; http://mq.nlink.com.br/~stefan /caruaru.htm; IBGE: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, volume IV, 1958; Diário de Pernambuco, 1981-1982; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Guias Levi, 1932-82; Mapas: acervo R. M. Giesbrecht)
     

A estação em 1986. Foto adamastorfotografia.
wordpress.com

A estação, em 2002. Foto do livro Estrada de Ferro Central de Pernambuco, de Luiz Ruben F. de A. Bonfim

A fachada da estação, em 2002. Foto do livro Estrada de Ferro Central de Pernambuco, de Luiz Ruben F. de A. Bonfim

A estação em 2008. Foto Sydney Correa

A estação (à esquerda) e o armazém (à direita) em 2008. Foto Sydney Correa

A estação em 2009, reformada. Foto Peixebeta

A ex-estação no meio da cidade. Foto Rodrigo Henrique em 18/10/2021
   
     
Atualização: 22.02.2022
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.