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VXY Mogiana em MG
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Porto Mendes
Porto Presidente Camargo
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ESTIVE NO LOCAL: NÃO
ESTIVE NA ESTAÇÃO: NÃO
ÚLTIMA VEZ: S/D
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E. F. Guaira-Porto Mendes (1917-1944)
Serviço de Navegação da Bacia do Prata (SNBP) (1944-1959)
PORTO MENDES
Município de Marechal Candido Rondon, PR
Linha-tronco - km 0   SP-4752
Altitude: -   Inauguração: 01.06.1917
Uso atual: Submersa em 1982   sem trilhos
Data de construção do prédio atual: n/d (já demolida)
 
 
HISTORICO DA LINHA: Em 1917, a Cia. Mate Laranjeira, que dominava a economia do Estadod e Mato Grosso e já tinha uma ferrovia no sul do Estado. resolveu construir outra, para contornar o leito não navegável do rio Paraná, entre Guaíra e Porto Mendes, ambas no Paraná. Por muito tempo foi uma ferrovia particular, ou seja, não aberta ao público; com pressões do governo federal, principalmente do governo Vargas, passou a fazer este serviço a partir dos anos 1930. Em 1944, foi encampada pela companhia estatal, a SNDA (Serviço de Navegação da Bacia do Prata), até sua extinção em 1959. Sempre foi uma ferrovia isolada, embora houvesse planos de se ligar Guaíra a Cianorte, na linha da E. F. São Paulo-Paraná, passando por Umuarama e outras cidades nascentes. Embora se falasse nisto mesmo depois de a ferrovia ter sido erradicada (a ligação com Guaíra), os trilhos nunca passaram de Cianorte para o oeste.
 
A ESTAÇÃO: A estação de Porto Mendes foi inaugurada em 1917. Esta estação era a terminal da ferrovia rio abaixo na localidade de Porto Mendes, hoje um distrito do município de Marechal Candido Rondon.

O nome veio de uma empresa argentina que se tornara grande acionista da Matte-Larangeira: Francisco Mendes Gonçalves & Cia.

A estação de madeira teria sido substituída em alguma época não identificada por um prédio maior em alvenaria (ver caixa abaixo).

O trecho, de cerca de 60 quilômetros (na verdade, pelo menos durante boa parte do tempo de funcionamento, eram 68 quilômetros de linha férrea, pelo menos na inauguração, onde a ferrovia foi anunciada como tendo 61 quilômetros), foi construída para uso interno de cargas e funcionários da empresa.

Quanto às várias vezes em que ela foi citada como sendo uma ferrovia tipo "Decauville", a verdade é que ela, embora tendo 60 cm de bitola, utilizava máquinas maiores, locomotivas inglesas e alemãs recondicionadas, não tão pequenas como as da marca Decauville. A função da ferrovia era justamente eliminar o entrave da navegação fluvial do rio Paraná causado pelas cataratas das Sete Quedas, transportando-se o mate na margem paranaense pelos trilhos.

Guaíra ficava na margem oriental de uma plácida lagoa, a cinco largos quilômetros à cabeceira do salto de Sete Quedas, no rio Paraná. Abaixo de Guaíra, o rio bramia através de uma ravina de pedras arenosas vermelhas com menos de 100 metros de largura, caindo 100 metros num percurso de alguns quilômetros, serpenteando acima de sete grandes cataratas, no estupendo espetáculo que deu ao rio o seu nome: Paraná, o “rio fervente”, em guarani. As cataratas eram ladeadas por uma ferrovia de bitola estreita da Companhia (Mate-Larangeira), que numa extensão de 60 quilômetros ia de Guaíra, através da floresta no lado brasileiro do Paraná, até Porto Mendes, onde a corrente ribeirinha, embora ainda forte, não mais impedia a navegação. O mate que vinha de Guaíra era descido 100 metros do topo da ravina até o nível da água em Porto Mendes, por meio de trilhos e de um sistema de cabos. Dali, era transportado para os navios que o levariam à estação ferroviária em Posadas, Argentina. Defronte a Porto Mendes havia uma instalação semelhante em Puerto Adela, onde era armazenado o mate coletado nas florestas paraguaias. Outras instalações e clareiras na floresta ao longo do rio, tanto acima como abaixo das cataratas, constituíam postos de coleta do mate ou da madeira que servia de combustível para os vapores ou para as locomotivas da ferrovia Guaíra-Porto Mendes” (Neil Macaulay: A Coluna Prestes, Difel, original de 1977).

A ferrovia foi encampada pelo Serviço de Navegação da Bacia do Prata (SNBP) em 1944 e depois, com a piora dos serviços cada vez mais se intensificando, foi erradicada em 1959.

Em 1963, a sucata da ferrovia, linhas, máquinas etc., foram vendidas para a siderúrgica Gerdau, com exceção de uma locomotiva a vapor, que está, ou estava, exposta numa praça no centro da cidade de Guaíra.

Ao que se sabe, a estação de Porto Mendes foi submersa em 1982, após a desativação da linha e pelo lago da barragem de Itaipu (ver caixa abaixo).


ACIMA: Pátio da estação de Porto Mendes com armazens (sem data - autor desconhecido).
ACIMA: O mapa mostra todos os trajetos, preços e horarios em grande parte fluviais, da ferrovia e suas baldeações para as vias fluviais em 1940. Note também que os horarios da ferrovia em si não são anunciados (Guia Levi, julho de 1940).

ACIMA: Mapa da ferrovia publicado em um livro em 1955: km 0 estava em Porto Mendes, que era a estação inicial da linha (Jeronymo Monteiro Filho: Traçados de estradas, Rio de Janeiro, vol. 1 - Ferrovias, 4a edição, Editor Borsoi, Rio de Janeiro, 1955).(Acervo Ralph Giesbrecht).

ACIMA: Mapa do Estado do Paraná da segunda metade dos anos 1950 e que mostra o traçado da ferrovia, de Porto Tomas Larangeira a Porto Mendes. Notar que, a partir de Porto Tomas Laranjeira, neste mapa estava assinalada a continuidade da ferrovia até Cianorte, no leste, o que efetivamente nunca ocorreu.

ACIMA (CLIQUE SOBRE A IMAGEM PARA VER O TEXTO): No texto, é citado que as fotografias são da estação de Porto Mendes, em 1982, em princípio de submersão pelo lago sendo formado pela barragem de Itaipu. Se eram, o prédio originalmente de madeira que se vê em outras fotos nesta página mostram que um edifício de alvenaria o substituiu em alguma época (O Estado de S. Paulo, 21/10/1982).

Fontes: Maria Izabel do Lago, Guaíra, PR; Ralph M. Giesbrecht, pesquisa; Jeronymo Monteiro Filho: Traçados de estradas, Rio de Janeiro, vol. 1 - Ferrovias, 4a edição, Editor Borsoi, Rio de Janeiro, 1955; Mapa do Estado do Paraná, anos 1950; Guias Levi, 1930-1963);Mapas - acervo R. M. Giesbrecht)

     

A estação, de Porto Mendes, em madeira, sem data. Autor desconhecido.
 
     
Atualização: 29.03.2019
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.