HISTORICO DA LINHA: A
Estrada de Ferro Noroeste do Brasil foi aberta em 1906, seguindo a
partir de Bauru, onde a Sorocabana havia chegado em 1905, até Presidente
Alves, em setembro de 1906. Em janeiro de 1907 atingia Lauro Müller,
em 1908 Araçatuba e em 1910 atingia as margens do rio Paraná,
em Jupiá, de onde atravessaria o rio, de início com balsas, para chegar
a Corumbá, na divisa com o Paraguai, anos depois. O trecho entre Araçatuba
e Jupiá, que até 1937 costeava o rio Tietê em região infestada de
malária, foi substituído nesse ano por uma variante que passou a ser
parte do tronco principal, enquanto a linha velha se tornava o ramal
de Lussanvira. Em 1957, a Noroeste passou a fazer parte da Refesa.
Transportou passageiros até cerca de 1995, quando esse transporte
foi suprimido. Em 1996, a Refesa deu a concessão da linha para a Novoeste,
que transporta cargas até hoje. |
A ESTAÇÃO: A estação
foi inaugurada em 1912, com o nome de Cincinato Braga.
Depois o nome foi reduzido para Cincinato.
Em 8 de setembro de 1948, com a abertura da variante de Pirajuí,
a estação foi desativada, fora dos trilhos da via original.
"Hoje eu estou à busca da antiga estação
de Cincinato. Meu bisnono, que veio de Veneza, foi sepultado no cemitério
de Cincinato. Ele faleceu em 1923 e o óbito foi feito em Pirajuí.
Ninguem da nova geração sabe onde Cincinato um dia existiu,
já que com a nova linha passando por Pirajuí, nos anos
1940, aquelas estações ficaram desatendidas"
(Leno Cardoso, Bauru, 09/2002).
Outro relato sobre Cincinato veio logo depois: "Passei boa
parte de minha infância na casa de meus avós na fazenda Coqueirão,
e está perfeitamente presente em minhas memórias a antiga estação
de Cincinato e o cemitério próximo a ela. Quando a conheci, mostrada
pela minha avó, já falecida (tenho 53 anos), a mesma, já em ruínas,
no final dos anos 1950, ficava ao lado da estrada de terra que ainda
hoje liga Guarantã a Pirajuí, e que era o único caminho na
época para esta última cidade. Bem na entrada da Coqueirão, em frente
a uma estradinha coberta por paineiras,
e que levava a colonia principal da fazenda, ficava a estação de Cincinato.
Hoje, passados 40 anos dessa memória, com certeza nenhuma das referências
acima devem existir" (Antonio Márcio Miranda Teixeira, 10/2002).
"Eu morava na estacao de Cincinato, onde meus pais, Ventura
Bezerra Lima, que trabalhava na bomba de água da estação,
e Luiza Evangelista da Silva, foram os primeiros moradores. Eu nasci
em Pirajui em 1931. Em 1943, a Fazenda Coqueirão pertencia
ao Sr. Castro Alves. Lembro-me do campo de futebol na fazenda, do
Cine Zuleika e de muitas paineiras margeando a avenida. Quando acabou
Cincinato, devido à mudanca da linha férrea para Ministro
Calmon, nós nos mudamos para Bauru" (Maria Benedicta
Lima de Souza, 04/11/2002).
E com tantas histórias, não consegui encontrar uma foto
de Cincinato...
Em Cincinato, no local da antiga estação, em
2011, havia uma plantação de cana e até anos atrás existiam ainda
os vestígios de trilhos enterrados e os restos de túmulos do antigo
cemitério. Ali, somente havia a capela da Fazenda Coqueirão que ficava
próxima à estação.
Em 29/07/2019, Tom reporta: "Venho te informar que de fato nada mais existe quanto ao local, a antiga estação de Cincinato.
Perguntamos para um tratorista que informou a localização do túmulo, e não o achamos.
Perguntamos a outro tratorista, e ele afirmou que o que havia no local era apenas um túmulo, mas que há uns 7 anos atrás um trator derrubou, sendo assim fica definitivamente findada mais esta história.
Ainda tivemos sorte pois toda a cana-de-açúcar já havia sido colhida, a visão conseguia ir longe, qualquer estrutura seria notada. Até mais ao longe, eu usei o zoom da filmadora que é de 64 x de aproximação, mas de fato nada foi encontrato, nenhum vestígio.
No mais, entrei em contato com 7 pessoas que moraram na fazenda em décadas passadas, mas nenhuma delas retornou meus contatos . não acrescendo nenhuma informação ou a tão sonhada foto da estação.
Fica meu forte abraço, espero que estas informações também lhe sejam úteis, mas definitivamente é uma situação triste".
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1919
À ESQUERDA: Trens especiais passavam a servir a
estação de Cincinato Braga, direto para Calmon
(Avanhandava) e Bauru - uma demonstração do
aumento de importância da localidade. Esta, porém,
decaiu rapidamente (O Estado de S. Paulo, 20/6/1919).
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1927
À ESQUERDA: Acidente com morte próximo a Cincinato e (O Estado de S. Paulo, 24/8/1927). |
ACIMA: Mapa interessante que mostra as linhas
da Noroeste do Brasil na região de Pirajuí e Guarantã,
com a variante de 1948 (à direita) e a linha original
que seria retirada (à esquerda). A posição da
estação de Cincinato está muito clara na linha
velha. Ela não teve uma versão "nova" na variante
(Mapa de fonte desconhecida, acervo Daniel Gentili).
(Fontes: Daniel
Gentili; Maria Benedicta Lima de Souza; Leno Cardoso; Antonio Márcio
Miranda Teixeira; O Estado de S. Paulo, 1919; Folha da Manhã,
1948; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht) |