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VXY Mogiana em MG
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Engenheiro Marsilac
Evangelista de Souza
Rio dos Campos
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Saída para o ramal de Jurubatuba (1957-2001): Barragem
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Mairinque-Santos - 1937
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ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2011
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E. F. Sorocabana (1935-1971)
FEPASA (1971-1998)
EVANGELISTA DE SOUZA
Município de São Paulo, SP
Mairinque-Santos - km 66,258 (1937)   SP-0341
Altitude: 740 m   Inauguração: 01.04.1935
Uso atual: aparentemente abandonada (2021)   com trilhos
Data de construção do prédio atual: 1936
 
 
HISTORICO DA LINHA: Projetada desde 1889, a Mairinque-Santos, linha que quebraria o monopólio da SPR para ligar o interior ao litoral foi iniciada em 1929 e terminada em 1937, com a ligação das duas frentes, uma vindo de Santos e outra de Mairinque. É uma das obras ferroviárias mais reportadas por livros no Brasil.Já havia, no entanto, tráfego desde 1930 nas duas partes, e o trecho desde Santos até Samaritá havia sido adquirido em 1927 da Southern São Paulo Railway, operante desde 1913. Com o fim da Sorocabana e a criação da Fepasa, em 1971, a linha foi prolongada até Boa Vista, no fim dos anos 80 (retificação do antigo ramal de Campinas). Houve tráfego de passageiros entre Mairinque e Santos até cerce de 1975, e mais tarde entre Embu-Guaçu e Santos, até novembro de 1997. A linha opera até hoje sob a administração da Ferroban.
 
A ESTAÇÃO: A estação de Evangelista de Souza, homenagem ao Barão de Mauá, foi entregue em 1935 como um edifício construído em madeira, e sua versão em alvenaria somente ficou pronta no ano seguinte. Durante o projeto, seu nome era Ribeirão das Dúvidas, ou somente Dúvida. A construção da ferrovia na região, iniciada em 1929, ganhava constantemente as páginas dos jornais devido a crimes ocorridos e que aconteciam exatamente no pátio da construção, devido à quantidade de gente que ali trabalhava, vindos das mais diferentes partes do país e também de fora. Acabou ganhando o nome atual.

Mais tarde, em 1957, a estação passou a ser o ponto de entroncamento do ramal de Jurubatuba, aberto nesse ano, para ligar diretamente o centro da cidade de São Paulo à Mairinque-Santos. A estação, passou, então, a ser mais parte desse ramal que de quem vinha de Mairinque, recebendo trens de subúrbio até cerca de 1980, enquanto que, vindo de Mairinque, os trens de passageiros foram suprimidos por volta de 1973. Foi mantido, entretanto, um trem para os funcionários da Fepasa, e mais tarde, nos anos 1980, foi instituído novamente o transporte de passageiros na linha, mas fazendo apenas o trecho entre Embu-Guaçu e Santos.

Em 1997, com a suspensão da linha Embu-Guaçu-Santos para passageiros, a estação deixou de atender passageiros. A estação tem um acesso muito difícil por automóvel, sendo o meio menos difícil vir de Engenheiro Marsilac; de Barragem, a estrada era praticamente intransitável, tendo melhorado um pouco recentemente. Em 1991, uma reportagem da revista Veja em São Paulo contava sobre a vida na vila: "(...) A única condução disponível é o trem da Fepasa (...) rumo aos municípios de Santos ou Embu-Guaçu. Nenhum ônibus passa por lá, e quando alguém tenta encarar o caminho de carro, acaba passando por apuros. (...) O vilarejo não tem muita coisa além das casinhas de madeira, em que moram apenas cinqüenta famílias, e a estação de trem - que dispõe do único telefone da cidade e do bar, onde é possível comprar umas poucas bebidas e artigos de primeira necessidade. Quase todos os moradores trabalham para a Fepasa, na linha de trem que passa em frente às casas cedidas gratuitamente aos funcionários da empresa. Claire (a professora) (...) dá aulas para dezesseis crianças matriculadas na única escola do local, construída há trinta anos - numa época em que a população de Engenheiro Evangelista era bem maior, porque o trem passava com mais freqüência (...)".

No final de 2000, a vila ferroviária já havia desaparecido. Meia dúzia de casinhas, todas abandonadas, a estação depredada, trens que passam direto, não havia mais nada. A estrada de rodagem que lhe dava acesso melhorou mas isso chegou depois da debandada. "Não é a toa que os maquinistas da Ferroban ficam apavorados ao passar entre Mairinque e a antiga Evangelista de Souza. A região está cheia de marginais, gente que não precisa de nada para jogar pedras no trem, jogar sofás e outros cacarecos na linha, ameaçar linchar maquinistas em caso de atropelamento ou colisão - e eles não tem nenhum apoio logístico. Estão sozinhos com todo aquele comboio" (A .Gorni, nov/2000). Mas foi Gorni quem esteve na estação em 11/2002, num trem cargueiro da MRS. Ainda há alguma vida por ali. A estação fechada e abandonada ainda abrigava um bar na sua plataforma. Se há bar, há vida por ali, há clientes. Em 2004, a estação foi reformada. "A estação se encontra hoje em meio a APA (Área de Preservação Ambiental) Capivari-Monos, da Prefeitura do Município de São Paulo, e este é o último rincão da Capital, esta estação fica no extremo sul da cidade, na divisa com São Vicente e Itanhaém. A vila ferroviária está totalmente abandonada, com as casas em péssimo estado de conservação, portas arrombadas, janelas quebradas e depredadas, e é claro, tudo pichado. Na maior casa da vila (acredito que ali funcionasse a escola), está hoje um posto do Comando Ambiental da Guarda Civil Metropolitana, de São Paulo. É a única "garantia" de segurança no local, todos que passam pela estrada em direção a Evangelista, são obrigados a se identificar naquele posto, que fica inclusive ao lado de uma das Centrais Elétricas desativadas da linha, a estrutura da central é usada para treinamento de rapel. Um dos guardas do posto mora em São Vicente, e vem e volta do serviço todos os dias de trem cargueiro. A estrada, que começa em Barragem tem 1 km de asfalto e o restante todo em terra, em péssimas condições. Fica ainda pior com o clima úmido da região, portanto, o carro indicado foi o valente Gurgel, leve (dava pra desatolar em duas pessoas) e apropriado para o caminho. A estrada acompanha o ramal de Jurubatuba desde o seu início (onde se atravessa a abandonada linha) até o seu final, pouco antes de Evangelista de Souza, aonde ela entronca com o ramal que vem de Mairinque. Na estação, outro sinal de vida, é o bar, que ainda funciona, e atende aos funcionários da ferrovia, aos guardas do posto, e aos índios da aldeia Krukutu que residem nas proximidades, e infelizmente, segundo os guardas, são causadores da maioria das confusões que acontecem no local... Alguns, desertaram da aldeia e vivem em uma das casas da vila ferroviária, ao lado do posto da Guarda Civil. O ramal de Jurubatuba até Evangelista de Souza está abandonado, com mato crescendo, trilhos quebrados, dormentes podres, porém, avaliando visualmente, a recuperação não é sofrível... A bitola no trecho é métrica" (Thiago Henrique Teixeira, São Bernardo do Campo, SP, 06/2005). Em outubro de 2007, depois de uma reforma feita pela ALL, na estação funcionava um bar, os escritórios de supervisão do pátio, a tecnologia operacional e escritório da via permanente. "Evangelista tem uma espécie de vila, algumas pessoas moram nas casas ao lado da subestação, nas casas ao lado dos vagões abandonados e em outras na estrada da Barragem (já na entrada de Evangelista), mas só. Já as casas da turma de via em frente a estação estão abandonadas e caindo aos pedaços. A foto da rua asfaltada com casas é em Marsilac. Quanto a placa, parece ser uma homenagem a alguma paroquia da região, no retangulo há uma frase que começa com 'Ao rei dos séculos' e termina com 'amem" (Otávio Balieiro, 02/2009).

Em 2011, ainda era usada como vestiário para o pessoal da ALL. Em 2014 e 2021, parecia abandonada.

ACIMA: Na inauguração da estação em 1935, novos horarios entre ela e São Paulo (O Estado de S. Paulo, 23/3/1935).

ACIMA: Em 1940, a estação tinha bastante movimento. Ainda nem era entroncamento, o que passou a ser somente em 1957. Aqui, uma locomotiva a vapor no pátio da estação de Evangelista de Souza, em alguma comemoração, no dia 22 de outubro de 1940 (Autor desconhecido).

1942
AO LADO: Descarrilamento em Evangelista de Souza - CLIQUE SOBRE A FIGURA PARA VER MAIS SOBRE O ACIDENTE (O Estado de S. Paulo, 25/2/1942).


ACIMA: Placa de distâncias na plataforma deserta em 2021 (Foto Thomas Wellington dos Santos, 05/2021).
ACIMA: Placa de distâncias na plataforma deserta em 2021 (Foto Thomas Wellington dos Santos, 05/2021).

(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Thomas Wellington dos Santos, 2021; Arlete Nogueira; Carlos R. Almeida; Anderson A. Conte; Antonio A. Gorni; Ricardo Corte; Thiago H. Teixeira; Willliam-; Rafael Asquini; Otávio Balieiro; Relatórios oficiais da Sorocabana, 1920-69; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; VEJA-São Paulo, 1991; Mapa - R. M. Giesbrecht)
     

A Professora Claire, na plataforma de Evangelista de Souza, em 1991. Foto da revista Veja em São Paulo

A estação, em 01/12/1991. Foto Carlos R. Almeida

A estação, em 01/12/1991. Foto Carlos R. Almeida

A estação, em 01/12/1991. Foto Carlos R. Almeida

Na estação em 1991. Foto Anderson A. Conte

A estação, anos 1990. Foto cedida por Antonio A. Gorni

A estação em 11/2002, vista da cabine do cargueiro que chega da baixada. Foto Antonio A. Gorni

Plataforma da estação em 11/2002. Foto Antonio A. Gorni

Placa da estação em 11/2002. Foto Antonio A. Gorni

O bar ainda funciona, a estação não, em 11/2002. Foto Antonio A. Gorni

A estação reformada em 2004. Foto Ricardo Corte

Placa original da estação, em 12/2004. Foto Thiago H. Teixeira

A estação, em 12/2004. Foto Thiago H. Teixeira

A estação com o trem cargueiro, em 12/2004. Foto Thiago H. Teixeira

A estação e seu bar, em 12/2004. Foto Thiago H. Teixeira

A estação após a reforma feita pela ALL. Foto Willliam, outubro de 2007

A estação abandonada em 2/2014. Foto Arlete Nogueira
 
     
Atualização: 24.01.2023
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.