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E. F. Central do
Brasil (1926-1975)
RFFSA (1975-1996) |
MONTES
CLAROS
Município de Montes Claros, MG |
Linha do Centro - km 1.115,863
(1928) |
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MG-0440 |
Altitude: 638 m |
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Inauguração: 01.09.1926 |
Uso atual: estação da FCA? (2022) |
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com trilhos |
Data de construção do
prédio atual: provavelmente anos 1960 |
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HISTORICO DA LINHA: Primeira
linha a ser construída pela E. F. Dom Pedro II, que a partir de 1889
passou a se chamar E. F. Central do Brasil, era a espinha dorsal de
todo o seu sistema. O primeiro trecho foi entregue em 1858, da estação
Dom Pedro II até Belém (Japeri) e daí subiu a serra das Araras, alcançando
Barra do Piraí em 1864. Daqui a linha seguiria para Minas Gerais,
atingindo Juiz de Fora em 1875. A intenção era atingir o rio São Francisco
e dali partir para Belém do Pará. Depois de passar a leste da futura
Belo Horizonte, atingindo Pedro Leopoldo em 1895, os trilhos atingiram
Pirapora, às margens do São Francisco, em 1910. A ponte ali constrruída
foi pouco usada: a estação de Independência, aberta em 1922 do outro
lado do rio, foi utilizada por pouco tempo. A própria linha do Centro
acabou mudando de direção: entre 1914 e 1926, da estação de Corinto
foi construído um ramal para Montes Claros que acabou se tornando
o final da linha principal, fazendo com que o antigo trecho final
se tornasse o ramal de Pirapora. Em 1948, a linha foi prolongada até
Monte Azul, final da linha onde havia a ligação com a V. F. Leste
Brasileiro que levava o trem até Salvador. Pela linha do Centro passavam
os trens para São Paulo (até 1998) até Barra do Piraí, e para Belo
Horizonte (até 1980) até Joaquim Murtinho, estações onde tomavam os
respectivos ramais para essas cidades. Antes desta última, porém,
havia mudança de bitola, de 1m60 para métrica, na estação de Conselheiro
Lafayete. Na baixada fluminense andam até hoje os trens de subúrbio.
Entre Japeri e Barra Mansa havia o "Barrinha", até 1996, e finalmente,
entre Montes Claros e Monte Azul esses trens sobreviveram até 1996,
restos do antigo trem que ia para a Bahia. Em resumo, a linha inteira
ainda existe... para trens cargueiros. |
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A ESTAÇÃO: A estação
de Montes Claros foi inaugurada em 1926. A estação
já ostentava o novo nome da cidade anteriormente chamada de
Tremedal.
Setenta anos mais tarde, o tráfego de passageiros cessaria
em Montes Claros, que teve esse prédio inicial posto
abaixo para a construção de um novo, em data incerta
(provavelmente anos 1960-70 pelo estilo do prédio atual).
Em 3 de setembro de 1996, numa reportagem publicada dois dias antes
da supressão do Trem do Sertão, o trem de passageiros
entre Montes Claros e Monte Azul cessaria suas atividades:
"Chorado por muitos, esquartejado, reduzido a um fiapo
azul desengonçado que a serraria branca escolta pelo caminho,
o trem do sertão é um fantasma de si mesmo. Não
que tenha conhecido alguma opulência, mas com certeza foi mais
útil. Hoje, vagueia entre Montes Claros e Monte Azul, duas
vezes por semana para lá, duas vezes para cá, quase
envergonhado, débil mesmo. São 239 km de intrínseca
decadência, embora ao seu redor nem a seca consiga esconder
que a vida penosamente melhorou alguma coisa nesses seus sofridos
domínios, nestes últimos vinte anos. Há postes
levando luz pelos campos, há uma estrada asfaltada, há
gente minimanete trajada e o gado que agora contempla o comboio está
razoavelmente gordo, só Deus sabe como. Monte Azul, que dormia
pontualmente às dez horas da noite porque os motores a diesel
de eletricidade paravam pontualmente nesta hora, com um longo suspiro,
agora faz ruidosos comícios a noite inteira, no embate dos
'boca preta' contra os 'boca branca'. Mas este trem é amado,
porque nele viaja o sustento de quem produz rapadura, queijo, doce
de leite, andu, corante, pinha, tamarindo e umbu para vender no mercado
de Montes Claros" (O Estado de Minas, 01/09/1996).
O trem, na época de sua extinção, 3 de setembro
de 1996, estava custando R$ 2,30, seis vezes mais barato que a viagem
de carro, para as sete horas de viagem na segunda classe, de bancos
de pau. A primeira classe tinha bancos estofados rasgados e imundos.
O carro-restaurante existia, com comida fria e refrigerante quente.
A estação de Montes Claros era em 2008 uma base
de operações da FCA. O prédio não é
o original, tendo sido construído na época da RFFSA,
com a demolição do anterior, que em 1957 ainda estava
de pé, como mostra uma das fotografias abaixo. O antigo armazém,
ao lado da atual estação, estava conservado, no mesmo
estilo da estação original, e deveria ser transformado
em centro cultural.
Em 2022, a estação permanece em pé, mas seu uso não sei... taré virado mesmo um centro cultural? Ou continua em uso pela concessionária?

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1924
AO LADO: A
inauguração do ramal Corinto-Montes Claros (O
Estado de S. Paulo, 5/6/1924).
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1924
AO LADO: A
inauguração do ramal Corinto-Montes Claros
(O Estado de S. Paulo, 5/10/1924).
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ACIMA: Trem cargueiro da VLI, em 25/10/2022, chegando da Bahia à estação de Montes Claros, seguindo para a Belo Horizonte (Foto Silvio Rizzo).

ACIMA: O velho armazém de Montes Claros, ainda usado, mas em mau estado de conservação (Foto Silvio Rizzo em 25/10/2022).
(Fontes: Silvio Rizzo, 2022; Alberto de Oliveira Bouchardet, 2015; Thomaz
Correa; Alberto Fernandes de Oliveira, 2005; Rafael Asquini, 2008; Pedro Paulo
Resende, 2003; Wanderley Duck; O Estado de Minas, 1996; IBGE: Enciclopédia
dos Municípios Brasileiros, 1958) |
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A estação na época da inauguração,
em 1926. Acervo Wanderley Duck |

A estação de Montes Claros nos anos 1930. Acervo
Thomaz Correa |

O prédio original da estação de Montes
Claros, em 1956. Foto da Enciclopédia dos Municípios
Brasileiros, 1958 |

A plataforma da estação em 2003. Foto Pedro Paulo
Resende |
A estação e seus desvios em 2005. Foto Alberto
Fernandes de Oliveira |

A fachada da estação em agosto de 2008. Foto Rafael
Asquini |

A estação em 2015. Foto Alberto de Oliveira Bouchardet
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A fachada da estação em 25/10/2022. Foto Silvio Rizzo |
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Atualização:
26.10.2022
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