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Indice de estações
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Ramal do Matadouro:
Santa Cruz
Matadouro-nova
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Guia do Rio de Janeiro
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ESTIVE NO LOCAL: NÃO
ESTIVE NA ESTAÇÃO: NÃO
ÚLTIMA VEZ: S/D
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E. F. Central do Brasil (1974-1976)
MATADOURO-NOVA
Município do Rio de Janeiro, RJ
Ramal de Mangaratiba - km 56,498 (1928)   RJ-4460
Altitude: -   Inauguração: 01.01.1884
Uso atual: abandonada (2023)   com trilhos
Data de construção do prédio atual: n/d
 
 
HISTORICO DA LINHA: O ramal do Matadouro foi aberto em 1884, com apenas uma estação construída ao lado do prédio do Matadouro Municipal, para o transporte por via férrea da carnes e de gado de corte. Passou também a servir a passageiros da região, embora distasse apenas cerca de 1.700 metros da estação de partida, Santa Cruz. O ramal funcionou com trens metropolitanos até cerca de 1976, quando foi desativado.
 
A ESTAÇÃO: Da estação de Santa Cruz, no ramal de Mangaratiba, saía o ramal circular do Matadouro, que tinha apenas cerca de 1.700 metros, curta distância, mas que o trem também atendia.

A estação de Matadouro (a velha) foi inaugurada em 1884. O ramal era chamado de circular pois a linha fazia uma curva em volta do prédio do Matadouro, ao lado da estação do mesmo nome (ver mapa ao lado, gentileza de Alexandre Fernandes Costa), para retornar à estação de Santa Cruz. Marcelo Almirante afirma que no "princípio dos anos 1970, em função de obras na estação Santa Cruz, é suspenso o serviço de trens de passageiros no sub-ramal do Matadouro, que não volta a operar após o final das obras na estação Santa Cruz em 1974".

A estação nova em 2009 estava fechada e à frente de sua plataforma, árvores cresciam entre os trilhos. Parte do ramal ainda estava então em uso pelos trens da SuperVia, sendo usado para estacionar os trens elétricos. Numa das fotos abaixo é possível ver, ao fundo, o trecho onde as linhas se bifurcam para circundar o Palácio do Matadouro (hoje centro cultural) e o antigo prédio de abate de gado, que hoje é um instituição de Ensino do Estado do Rio de Janeiro (ver caixa abaixo, de 2009).

É preciso esclarecer que a eletrificação do ramal cessava no momento que este se bifurcava (onde está a casa branca entre as linhas), e desse ponto em diante, seguindo pela linha da esquerda, cerca de 200 m à frente, encontrava-se a passagem de nível e a estação do Matadouro. A linha da direita sequia por mais 300 m até uma passagem de nível e depois dessa não mais se registrava, pois seus trilhos foram retirados pela população da periferia para usá-los como viga de suas casas. Desse ponto em diante, os únicos vestígios são os postes da antiga eletrificação e os poucos dormentes de madeira que por lá ficaram.

"Em reportagem de O Globo de 11/6/2006, a estação era agora uma terra de ninguém: trilhos arrancados, famílias que residem no espaço público e nenhum órgão que se responsabilize por sua manutenção. Tombada em 1993 pelo Departamento Geral de Patrimônio Cultural da Prefeitura, a Estação do Matadouro nunca mereceu qualquer projeto da instituição, apesar de sua importância histórica. A Supervia - que detém os direitos de exploração da malha ferroviária do Rio desde meados da década de 1990 - alega que sua responsabilidade termina na estação de Santa Cruz (...) A importância histórica contrasta com a situação de descaso absoluto. Para o historiador Carlos Eduardo Branco, especialista em ferrovias, ela é reflexo do abandono que o próprio bairro amarga desde a década de 1960. - Hoje nós temos uma visão negativa de Santa Cruz, mas é estudando monumentos históricos como esses que percebemos o quão importante o bairro já foi. Santa Cruz era um verdadeiro jardim quando foi proclamada a República, era onde ficava a família real, uma área nobre da cidade. Mas, desde que se institui a política dos grandes conjuntos habitacionais e diversas favelas do Centro foram trazidas para cá
sem qualquer estrutura, o bairro acabou sendo desvalorizado - explica o historiador (...) A dificuldade está exatamente em descobrir quem é o responsável pelo local. Segundo Carlos Eduardo Branco, a estação original foi desativada na década de 1970, quando todo o serviço ferroviário fluminense foi reformulado e os trens passaram a ser laminados (de alumínio). A impossibilidade de esses veículos circularem pela "pera" - curva que os trens realizavam para circundar o prédio do Matadouro - e o novo esquema de cobrança de bilhetes obrigaram o governo federal, então detentor da malha ferroviária, a construir uma nova estação, conhecida popularmente como Matadouro Nova. Esta estação nunca chegou a ser utilizada ou, se foi, foi-o por pouquíssimo tempo. É uma história de descaso com o dinheiro público: ela já estava toda pronta, com roletas, iluminação e toda a estrutura adequada - lamenta. Atualmente, o local é usado como depósito de carros para mecânicos que realizam serviços de pintura nas proximidades (...) O pior é que não vemos perspectiva de resolução. E o problema não acaba em Santa Cruz: toda a extensão da linha que vai para Itaguaí está abandonada, teve trilhos arrancados e foi invadida - diz o historiador
" (O Globo, 11/06/2006).

É bom lembrar que na época da reportagem acima, existiam dois prédios por ali: a estação velha e a nova. É da nova que a fala a reportagem acima.

"Foi um grande desperdício de dinheiro público a construção da nova estação, para depois nunca sequer ser usada. Mas o buraco é mais embaixo, o desperdício foi ainda maior. Veja bem,além de construírem a nova estação, reformaram a linha circular e instalaram postes de eletrificação. Mas para que linha circular para um TUE? Um trem elétrico não precisa de linha circular, isso é coisa das locomotivas do passado, para as quais a circular ou o girador era essencial, mas um TUE tem duas frentes! Ele chega na estação terminal, o maquinista troca de extremidades, ou seja, passa da cabine da frente para a traseira, que passa a ser a nova frente e vai embora sem ter que dar voltas" (Julio Cezar de Souza, 2009).

(VEJA TAMBÉM MATADOURO-VELHA).


ACIMA: A estação nova em 17/12/2009 (Foto Julio Cesar da Silva).

ACIMA: Ruínas do prédio onde estava instalado o matadouro desde o final do século XIX (Cortesia Felipe Oriente, 2022).

ACIMA: Mapa do ramal do Matadouro. A estação de Santa Cruz, de onde saía o ramal, está no canto superior direito do mapa, enquanto o prédio onde ficava o matadouro e a estação do Matadouro estão quase juntos, no canto inferior esquerdo (Cortesia Felipe Oriente em 2022).

ACIMA: Escadaria de acesso à estação-nova em 2023. A linha passava à direita de quem olhava a escadaria e logo em seguida começam as plataformas abandonadas. Trilhos foram retirados (Foto: Felipe Oriente).

(Fontes: Felipe Oriente, 2022 e 2023; Alexandre Fernandes Costa, 2003; Julio César da Silva, 2009; Marco André Daltro Chaves; O Globo, 2006; Max Vasconcellos: Vias Brasileiras de Communicação, 1928; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
     

Vista lateral da estação do Matadouro e plataforma, esta ao lado esquerdo, em 04/09/2003. Foto Alexandre F. Costa

Plataforma da estação "nova" do Matadouro, em 04/09/2003. Notar as árvores crescendo entre os trilhos abandonados. Foto Alexandre F. Costa
Na foto anterior, trecho do ramal antes da estação que ainda está sendo usado para manobras da Supervia, em 04/09/2003. Ao fundo, a casinha branca, ponto onde há a bifurcação do ramal (ver mapa no alto da página, ao lado esquerdo). Foto Alexandre F. Costa
A entrada da estação e a escadaria de acesso da estação, em 04/09/2003. Foto Alexandre F. Costa

Estação do Matadouro-nova em 17/12/2009. Foto Julio Cesar da Silva

A estação - sem data. Autor desconhecido
   
     
Atualização: 16.06.2023
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.