A ESTAÇÃO: A estação
de Guaíra foi inaugurada em 1917. No início, pelo menos, também se referiam a esta estação/porto como Porto Mojoli.
“Guaíra ficava na margem oriental de uma plácida lagoa, a cinco largos quilômetros à cabeceira do salto de Sete Quedas, no rio Paraná. Abaixo de Guaíra, o rio bramia através de uma ravina de pedras arenosas vermelhas com menos de 100 metros de largura, caindo 100 metros num percurso de alguns quilômetros, serpenteando acima de sete grandes cataratas, no estupendo espetáculo que deu ao rio o seu nome: Paraná, o “rio fervente”, em guarani. As cataratas eram ladeadas por uma ferrovia de bitola estreita da Companhia (Mate-Larangeira), que numa extensão de 60 quilômetros ia de Guaíra, através da floresta no lado brasileiro do Paraná, até Porto Mendes” (Neil Macaulay: A Coluna Prestes, Difel, original de 1977).
Em Guaíra, a pacata, isolada e antiquíssima cidade às margens do rio Paraná sofria uma reviravolta inesperada: a invasão da cidade pelos rebeldes da Coluna Miguel Costa-Prestes. A cidade foi capturada em 14 de setembro de 1924 pelos homens de João Francisco, fugidos do levante em São Paulo de julho de 1924. No mesmo dia, eles tomaram posse da ferrovia. Ocuparam-nas até 24 de abril de 1925: da mesma forma que a ferrovia era estratégica para a Mate-Larangeira, era-o também para os rebeldes. Aproveitando-se disso, os chefes da Companhia conseguiram manter um bom relacionamento com os chefes rebeldes, com exceção de João Cabanas. Com a deserção deste, livraram-se de um incômodo. E com a saída dos revoltosos em abril, expulsos pelo General Rondon, a Companhia recuperou suas terras e sua ferrovia aparentemente sem maiores danos. Continuando isolada de tudo e de todos, Guaíra e sua ferrovia voltaram ao normal por alguns anos (A Coluna Prestes, Neil Macaulay, Difel, original de 1977).
A ferrovia foi encampada pelo Serviço de Navegação da Bacia do Prata (SNBP) em 1944 e depois, com a piora dos serviços cada vez mais se intensificando, foi erradicada em 1959.
Em 1963, a sucata da ferrovia, linhas, máquinas etc., foram vendidas para a siderúrgica Gerdau, com exceção de uma locomotiva a vapor, que está, ou estava, exposta numa praça no centro da cidade de Guaíra.
Ao que se sabe, a estação foi demolida após a desativação da linha.
Havia planos de se estender a linha que ligava Ourinhos a Cianorte até a cidade de Guaíra, mesmo após a erradicação da ferrovia em Guaíra, até os anos 1970. A ligação, que passaria com outras cidade, como Umuarama, assim mesmo, jamais foi feita.
ACIMA: Pátio da estação de Porto Mendes com armazens (sem data - autor desconhecido).
ACIMA: O mapa mostra todos os trajetos, preços e horarios em grande parte fluviais, da ferrovia e suas baldeações para as vias fluviais em 1940. Note também que os horarios da ferrovia em si não são anunciados (Guia Levi, julho de 1940).
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1946
AO LADO: A nunca construída ligação com a E. F. São Paulo-Paraná
(Folha da Manhã, 5/6/1946). |
ACIMA: Mapa da ferrovia publicado em um livro em 1955: km 0 estava em Porto Mendes, que era a estação inicial da linha (Jeronymo Monteiro Filho: Traçados de estradas, Rio de Janeiro, vol. 1 - Ferrovias, 4a edição, Editor Borsoi, Rio de Janeiro, 1955).(Acervo Ralph Giesbrecht).
ACIMA: Mapa do Estado do Paraná da segunda metade dos anos 1950 e que mostra o traçado da ferrovia, de Porto Tomas Larangeira a Porto Mendes. Notar que, a partir de Porto Tomas Laranjeira, neste mapa estava assinalada a continuidade da ferrovia até Cianorte, no leste, o que efetivamente nunca ocorreu.
ACIMA: Antiga locomotiva da E. F. MateLaranjeira posando em praça da cidade de Guaira por volta de 1980 (Autor desconhecido).
Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisas;
Maria Izabel do Lago, Guaíra, PR; Jeronymo Monteiro Filho, Traçados de estradas, Rio de Janeiro, vol. 1 - Ferrovias, 4a edição, Editor Borsoi, Rio de Janeiro, 1955; Mapas - acervo R. M. Giesbrecht)
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