A ESTAÇÃO: A estação do Ipiranga foi
aberta em 1886 e um dos motivos para isso foi o descarregamento
de material para a construção do Museu do Ipiranga.
Mais tarde, foi transformada em estação de trens de subúrbio.
Durante a revolução de julho de 1924, ela foi sede
do 2o batalhão de artilharia das forças legalistas
do Governo do Estado. Em 1960, foi reconstruída.
Ali ao lado, alimentada por trilhos de desvios que saem desta estação,
a antiga fábrica da Ford e um monte de armazéns, para
onde seguia o desvio Aranha (uns dizem que esse desvio era
somente o dos armazens, outros que ele nomeava todos os desvios).
"Além dos desvios que serviam a fábrica da Ford, havia um
outro que saia do mesmo ponto e seguia entre a Esso (os tanques
que aparecem na foto, abaixo) e um monte de armazéns que tinham
por lá, na Rua Cadiriri. O nome desse desvio era Desvio Aranha,
pelo menos assim estava escrito em grandes letras que ocupavam a
parede toda de um desses armazéns da Cadiriri. A gente brincava
muito nesse lugar, tinha muito córrego e, para a alegria de nossas
mães, sempre levávamos um monte de girinos para casa depois das
expedições" (Wanderley Duck, 03/2007).
"Esse enorme desvio (ou ramal) industrial
está lá até hoje e ativo (Desvio Aranha). É provável que seja o
maior desvio da EFSJ, com quase 3 km. Ao lado da EFSJ, ele
atendia a Ford Ipiranga. Quando ele fazia a curva, onde passava,
no retorno, embaixo do final do viaduto da Pacheco Chaves (e andava
"prá trás"), atendia as fábricas que estão do outro lado da Av.
Henry Ford, e que não faziam fundos com a EFSJ. Hoje, só atende
a apenas duas fábricas, que insistem em receber bobinas e chapas
de aço via férrea. A maioria das outras fábricas que sobraram recebem
por caminhões, mesmo ainda tendo seus desvios. Com o fim da Ford
Ipiranga em 1996, ao seu lado (ou melhor: em seus desvios - lado
EFSJ), funciona uma empresa chamada Transnovag, que faz a baldeação
das bobinas e chapas de aço que chegam por trem, para o caminhão.
E, mais inconcebível ainda, é o fato de empresas que ainda tem seus
desvios, ter que arcar com a baldeação para o caminhão, para o mesmo
andar dois quarteirões para descarregar, e se ainda usassem direto
o trem, isso não seria necessário. O desvio é da EFSJ e as entradas
nas fábricas é particular.
"A Ford - que é a antiga Willys - é hoje uma fábrica
"fantasma", abandonada, desde 2000, quando transferiu a montagem
de caminhões dessa unidade para o ABC, e dizem que foi comprada
por uma empresa de aço, o que faria com que seus desvios fossem
reativados. Meu pai trabalhou lá de 1978 a 1982 e conta que chegou
a ver os cegonheiros da RFFSA recebendo Corcel II e Picapes F1000
e F4000, rumo ao RJ e MG. Mas, por conta das pedradas que o trem
recebia quando passava no Trecho da Zona Leste da EFCB, o serviço
foi cancelado pela Ford, lá por 1984 (e pela GM de São
Caetano do Sul, em 1985). Houve a tentativa de se fugir da zona
leste, pela alça Suzano-Rio Grande da Serra, como me contou um maquinista
da EFSJ que trabalhou com esse trem, mas não adiantou muito. Havia
um trem de peças que a Ford recebia e que vinha direto de Santa
Cruz de La Sierra, na Bolívia, via Noroeste, e que era baldeado
para a larga em Bauru. Esse trem parou em 1988. Esse centro
nervoso de embarque e recebimento de cargas que era o trecho Mooca-Ipiranga
no seu auge atendeu cerca de 64 industrias, entre fábricas e armazéns.
Hoje atende apenas quatro. Cinco, agora, já que o sucateiro (logo
isso) que se pode ver no canto superior esquerdo da foto de 1982
foi ativado recentemente pela MRS" (Thomas Corrêa, 03/2007).
Em 1959, a estação ganhou um novo prédio (ver caixa abaixo, de 23/1959).
Hoje a estação serve aos trens metropolitanos da CPTM.
Mais sobre a estação Ipiranga em 2011 aqui.
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1889
AO LADO: Aprovada a planta da estação (A Provincia de S. Paulo,
18/8/1889). |
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1922
AO LADO: Acidente na estação (O Estado de S. Paulo,
8/7/1922). |
ACIMA: Inundação na estação
do Ipiranga em 1926. Segundo Thomas Correa, essa locomotiva pode
ser uma 4-8-0T, exatamente o único exemplar da SPR que não se tem
foto alguma... (Fon-Fon, 30/1/1926).
1935
AO LADO: Acidente na estação (O Estado de S. Paulo, 27/9/1935). |
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1936
AO LADO: Acidente na estação (Correio de S. Paulo, 17/9/1936). |
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ACIMA: Concorrência para a instalação
de uma banca de jornais na estação (O Estado de S.
Paulo, 16/8/1949).
ACIMA: Esquema
do bairro em 1957. O viaduto sobre a linha, na rua dos Patriotas,
ainda não existia (Folha da Manhã, 15/9/1957).
ACIMA: A atual estação do Ipiranga foi aberta em 23/9/1959 - CLIQUE SOBRE O TEXTO PARA VÊ-LO MAIOR (O Eatado de S. Paulo, 23/9/1959).
ACIMA: A estação do Ipiranga
em 1970 tendo ao lado o viaduto Capitão Pacheco Chaves e
a fábrica da Ford. Os desvios Aranha não são
vistos por causa do ângulo em que a foto foi tirada, mas estão
ali e funcionando nessa época (Acervo Wanderley Duck).
ACIMA: A fábrica
da Ford em 1982: pode-se ver aqui claramente parte do desvio à
direita, em cima. O pátio da estação e o viaduto
podem ser vistos à esquerda. (Foto extraída de um catálogo
com fotos aéreas das plantas de todas as industrias automotivas
no Brazil, chamado; Automotive Industry in Brazil - 1982. Nele podemos
ver as linhas do desvio, do outro lado da Henry Ford. Acervo Thomas
Correa).
ACIMA: Mapa de 1997, mostrando a estação
de Ipiranga, do lado sul do viaduto da rua Capitão Pacheco
Chaves, e a leste dela, o desvio Aranha em quase sua totalidade,
tendo dentro dos terrenos da antiga fábrica da Ford algumas
de suas ramificações (O Guia SP).
(Fontes: Alexandre L. Giesbrecht; Paulo
Mendes; Daniel Gentili; Thomas Correa; Renato Gigliotti; Emerson
Fontes dos Santos Freire; Wiliiam Gimenez; Wanderley Duck; O Estado
de S. Paulo, 1949 e 12/5/1960; O Guia SP, 1997; Revista da Semana,
1924; SPR: Relação oficial de estações,
1935; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht) |