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Estrada de Ferro
Sorocabana (1906-1971)
FEPASA (1971-1998) |
MANDURI
Município de Manduri, SP |
Linha-tronco - km 439,748 (1924); km 427,215
(1934); 385,140 (1960) |
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SP-2076 |
Altitude: 701 m |
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Inauguração: 22.04.1906 |
Uso atual: abandonada (2019) |
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com trilhos |
Data de construção do
prédio atual: c.1963 |
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As quilometragens foram alteradas em 1928, devido às retificações
feitas entre São Paulo e Iperó neste ano e em 1953,
(**) devido às retificações feitas entre Conchas
e Manduri neste ano. |
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HISTORICO DA LINHA: A E. F. Sorocabana
foi fundada em 1872, e o primeiro trecho da linha foi aberto em 1875,
até Sorocaba. A linha-tronco se expandiu até 1922, quando atingiu
Presidente Epitácio, nas margens do rio Paraná. Antes, porém, a EFS
construiu vários ramais, e passou por trocas de donos e fusões: em
1892, foi fundida pelo Governo com a Ytuana, na época à beira da falência.
Em 1903, o Governo Federal assumiu a ferrovia, vendida para o Governo
paulista em 1905. Este a arrendou em 1907 para o grupo de Percival
Farquhar, desaparecendo a Ytuana de vez, com suas linhas incorporadas
pela EFS. Em 1919, o Governo paulista voltou a ser o dono, por causa
da situação precária do grupo detentor. Assim foi até 1971, quando
a EFS foi uma das ferrovias que formaram a estatal FEPASA. O seu trecho
inicial, primeiro até Mairinque, depois somente até Amador Bueno,
desde os anos 20 passaram a atender principalmente os trens de subúrbio.
Com o surgimento da CPTM, em 1994, esse trecho passou a ser administrado
por ela. Trens de passageiros de longo percurso trafegaram pela linha-tronco
até 16/1/1999, quando foram suprimidos pela concessionária Ferroban,
sucessora da Fepasa. A linha está ativa até hoje, para trens de carga. |
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A ESTAÇÃO: Inaugurada em
abril de 1906, como Mandury, foi ponta da linha até 1908.
A partir de 3 de outubro do mesmo ano, daqui passou a sair o ramal
de Piraju.
O pátio da estação original de Mandury
possuía "duas caixas d'água, duas (ou três)
casas de turma, um armazém de mercadorias, um abrigo para locomotivas,
um triângulo de reversão, uma casa de moradia para o
agente, afora outras construções de carater provisorio
necessarias ao pessoa de serviço" (O Estado de
S. Paulo, 27/12/1906).
Outra notícia, publicada no jornal O Estado de S. Paulo
de 7/12/1909, mostra que a Sra. Maria Maricofer Ayres
era agente do correio de lá, que, quase que com certeza, ficava
na estação ferroviária, como era o caso de muitas
dessas agências. Esta estação original não existe mais, foi
demolida. Ali ficaria hoje o jardim da praça da Matriz, no centro
da cidade. Mas seria isto mesmo? (ver quadro azul mais abaixo, sobre
as estações da cidade).
A segunda estação, já no traçado atual, era feita de tábuas, segundo
relatos de moradores locais, ficava a uns cem metros além da estação
atual. Deve ter sido construída e entregue nos anos 1950, mais
precisamente em 1953, quando da entrega da variante
Botucatu- Bernardino de Campos. Assim como a estação
de Avaré e de várias outras da variante, foi
feita em madeira para posterior construção da estação
nova e definitiva da linha. Isso realmente aconteceu com muitas delas
na variante, embora algumas nunca tenham sido repostas. Manduri
o foi, e, dizem, já nos anos 1960. Nada encontrei até
agora nos relatórios da EFS esta construção em
Manduri.
Segundo Elias Vieira, em 11/2006: a
estação atual foi realmente inaugurada
antes da desativação, no final de 1966, do ramal de Piraju,
pois ela foi construída com uma plataforma lateral para embarque e
desembarque do ramal, que pode ser vista ainda hoje. Isto provavelmente
ocorreu por volta de 1963.
"Eu me lembro quando o "Luxo"
da Sorocabana (com Budds 500) chegava
em Manduri e fazia baldeação para o ramal de Piraju, este servido
por uma Cooper Bessemer com um carro apenas. No Carnaval,
Semana Santa e outros feriadões eram colocados dois carros para Piraju
que ficavam entupidos de passageiros na maior agitação. Quando o "Luxo"
seguia no sentido de Ourinhos, os dois trens partiam praticamente
juntos trafegando paralelos um certo tempo e claro que o maquinista
da Cooper não dava mole para a pesada composição Budd e "largava a
madeira" no maior buzinaço acompanhado pela gritaria e provocações
dos passageiros que seguiam para Piraju com os passageiros do "Luxo".
Era uma cena linda de ver para quem estava nos Budds ouvindo aquele
barulho característico dos pesados truques dos Budds ganhando velocidade
e do lado esquerdo a pequena composição passando na maior velocidade
até que desaparecia em um grande corte em curva no sentido de Piraju".
Também há fontes que informam que pelo menos a finalização
da construção da estação atual teria ocorrido
em 1969.
Em 2010, quando lá estive pela última vez, a estação
continuava fechada e agora lacrada com tijolos, pela prefeitura, cansada
de ver desocupados invadirem e jogando lixo. A propriedade ainda era
do espólio da Rede, que não faz absolutamente nada em
termos de conservação, nem de proteção
do seu patrimônio. A prefeitura parece não se interessar
em adquiri-la. Fica, então, tudo como sempre o que se trata
de propriedade do governo federal: uma irresponsabilidade e falta
de respeito total.
Trens, mesmo, já quase não passavam em 2011: um ou outro
cargueiro, uma vez a cada duas semanas e olhe lá. Em 2016,
já não passava mais trem algum.
Em 2019, a estação parecia uma favela, totalmente abandonada.
AS ESTAÇÕES
DE MANDURI
A cidade teve três estações, pelo que se
diz. Porém, como comprovar isto e também suas
posições originais? Da primeira estação
existem fotos - há duas abaixo. Da atual, também.
Mas teria havido uma outra, a segunda, que teria sido de madeira
- mas não há comprovação. Em 1944,
a ferrovia ainda não estava onde está hoje - basta
ver o mapa do IGG, acima. A estação seria a de
madeira? A linha original era na cidade e perpendicular à
atual linha, e a estação original, numa das ruas
hoje perpendiculares à linha, mas já no limite
da zona urbana. Aliás, esse limite praticamente se mantém
até hoje, a cidade mal atravessou a linha nova construída
nos anos 1950. A segunda foto da estação original,
ao pé da página é dos anos 1940-50. Esta
estação desapareceu por volta de 1953, quando
da construção da variante. |
AO
LADO: Três estações em 93 anos de funcionamento. |
OBRAS OCORRIDAS NA ESTAÇÃO E SEU
PÁTIO DE ACORDO COM RELATÓRIOS DA EFS: 1918
- Foi concluída a duplicação da linha
telegraphica entre as estações de Manduri e
de Salto Grande. 1934 - Construção de
casa para guarda-fios
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1934
AO LADO: Manduri e a correspondencia que recebia pelos trens da EFS
(O Estado de S. Paulo, 26/4/1934). |
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1935
AO LADO: Acidente em Manduri
(O Estado de S. Paulo, 20/2/1935). |
ACIMA: Vista aérea de Manduri em 1939 (Créditos na foto).
ACIMA: Localização da estação
original de Manduri e prédios à sua volta, em março
de 1944. Esta rua Nhonhô Braga é perpendicular à
atual linha existente (Acervo Instituto Geográfico e Cartográfico
de São Paulo).
ACIMA: Foto da estação, sem data (Créditos na foto).
ACIMA: Foto da estação, sem data. Anos 1950? (Créditos na foto).
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1958
AO LADO: Queixas contra a estação de madeira
(O Estado de S. Paulo, 29/8/1958). |
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AO LADO: Passarela para a estação,
toda em madeira. Isso, na estação velha, portanto,
antes de 1963 (Autor e acervo na própria foto). |
ACIMA: A estação provisória, de
tábuas, de Manduri, nos anos 1960 (Foto Alvaro Baptista, O
Diario de Manduri).
ACIMA: A estação, já a atual,
em 1985: note-se o movimento de passageiros (Acervo Paulo Palma).
ACIMA: A situação de Manduri em 2012 (CLIQUE SOBRE A FOTO). As indicações esstão na
própria foto; a linha atual passa claramente na metade esquerda
da foto, co canto superior esquerdo para o centro baixo, sentido interior.
Pode-se notar que o leito da linha velha cruzava o atual leito (Google Maps, 2012.
Diagramação Adriano Martins).
ACIMA:
Novamente, as indicações da antiga e nova estação
e o cruzamento de leitos (CLIQUE SOBRE A FOTO) (Google Maps, 2012.
Diagramação Adriano Martins).
ACIMA: Ex-estação parece uma favela em 2019 (Foto Debora Silveira, 23/5/2019).
(Fontes: Ralph M. Giesbrecht: pesquisa
local; Douglas Nascimento; Daniel Gentili; David Antonio de Latorre;
Antonio Piovani de Freitas; Alvaro Baptista; Adriano Martins; Emilio
Tozoni Neto; Elias Vieira; Carlos Cornejo; O Diario de Manduri; O
Estado de S. Paulo, 1906, 1909 e 1958; E. F. Sorocabana: relatórios
anuais, 1900-69; IBGE, 1960; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht) |
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Estação de Manduri em 1908. Foto cedida por Carlos
Cornejo |
A estação velha, provavelmente anos 1940-50. Autor
desconhecido |
Fachada da estação "nova", em 22/10/2000.
Foto Ralph M. Giesbrecht |
Entrada principal da estação, em 22/10/2000. Foto
Ralph M. Giesbrecht |
Plataforma da estação deserta, em 22/10/2000.
Foto Ralph M. Giesbrecht |
Fachada da estação toda pichada em 14/8/2010.
Foto Douglas Nascimento |
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Atualização:
19.07.2022
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