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VXY Mogiana em MG
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Ourinhos
Guaraiúva
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Saída para o ramal de Cianorte (RVPSC):
Marques dos Reis

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Tronco EFS - 1935

IBGE - 1970
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ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2010
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Sorocabana Railway (1908-1919)
E. F. Sorocabana (1919-1971)
FEPASA (1971-1998)
OURINHOS
Município de Salto Grande do Paranapanema (1908-1919)
Município de Ourinhos, SP (1919-)
Linha-tronco - km 513,218 (1924); 500,451 (1934); km 452,528 (1960) (*)   SP-0747
Altitude: 459,400 m   Inauguração: 31.12.1908
Uso atual: estação da ALL (2023)   com trilhos
Data de construção do prédio atual: 1969
(*) As quilometragens foram alteradas em 1928, devido às retificações feitas entre São Paulo e Iperó neste ano e em 1953, (**) devido às retificações feitas entre Conchas e Manduri neste ano.
 
 
HISTORICO DA LINHA: A E. F. Sorocabana foi fundada em 1872, e o primeiro trecho da linha foi aberto em 1875, até Sorocaba. A linha-tronco se expandiu até 1922, quando atingiu Presidente Epitácio, nas margens do rio Paraná. Antes, porém, a EFS construiu vários ramais, e passou por trocas de donos e fusões: em 1892, foi fundida pelo Governo com a Ytuana, na época à beira da falência. Em 1903, o Governo Federal assumiu a ferrovia, vendida para o Governo paulista em 1905. Este a arrendou em 1907 para o grupo de Percival Farquhar, desaparecendo a Ytuana de vez, com suas linhas incorporadas pela EFS. Em 1919, o Governo paulista voltou a ser o dono, por causa da situação precária do grupo detentor. Assim foi até 1971, quando a EFS foi uma das ferrovias que formaram a estatal FEPASA. O seu trecho inicial, primeiro até Mairinque, depois somente até Amador Bueno, desde os anos 20 passaram a atender principalmente os trens de subúrbio. Com o surgimento da CPTM, em 1994, esse trecho passou a ser administrado por ela. Trens de passageiros de longo percurso trafegaram pela linha-tronco até 16/1/1999, quando foram suprimidos pela concessionária Ferroban, sucessora da Fepasa. A linha está ativa até hoje, para trens de carga.
 
A ESTAÇÃO: A estação de Ourinhos foi inaugurada no final de 1908 (ver caixa abaixo).

Já em 27/11/1909, o jornal O Estado de S. Paulo noticiava a criação de uma agência postal em Ourinhos (na estação?).

Foi elevado a municipio em 1918, instalado em 20/3/1919.

Em 1926, foi aberto um novo edifício para a estação, devido ao aumento do tráfego na região (ver caixa abaixo).

Dois anos antes (1924), daqui passou a sair a estrada de ferro para o Norte do Paraná, primeiramente da E. F. São Paulo-Paraná e depois encampada pela RVPSC, no início chegando até Cambará e hoje atingindo Cianorte, e que acabou por ser a responsável pela origem de inúmeras cidades, como
Londrina, em 1934, e Maringá, em 1948. O entroncamento em Ourinhos entre duas ferrovias causava uma série de dificuldades se o tráfego mútuo entre elas não funcionava a contento: ver aqui o artigo da Folha da Manhã de 24/2/1948.

Em 1969, foi entregue o novo prédio da estação, o atual. (nota: a data de 1969 aparece nos relatórios da EFS, enquanto em outras fontes se encontra a data de 1/3/1963, que pode ter sido a data do início de sua construção - realmente, em reportagem da Folha de S. Paulo de 20 de abril de 1963, a estação ainda não estava em construção e havia gente pedindo a construção dela em outro ponto diferente de onde estava a evlha - o que acabou não acontecendo. O mesmo artigo citava que como a estação era a segunda em movimento na Sorocabana - a primeira seria a da Barra Funda - ela tinha movimento demais e deveria ser construída fora da cidade. Por fim, a direção da Sorocabana dizia que uma estação provisória, um pequeno galpão de madeira, seria construída para atender os usuários enquanto a estação nova não ficasse pronta).

Em 1981, passou por ali o último trem de passageiros que seguia para Maringá. Esses trens vinham direto da Júlio Prestes com carros da Sorocabana e não da RFFSA, embora entrassem pelo ramal de Cianorte. Mais ou menos na mesma época, provavelmente um pouco antes, pararam também os trens que ligavam Ourinhos a Curitiba, em carros de madeira até o final.

"Em Ourinhos a gente descia para comprar pastel no boteco, quando vínhamos de Ipauçu para Palmital, em 1979-80. Pastel com sodinha ou guaraná Antártica. À vezes era só pastel mesmo. O refrigerante era comprado no carro-restaurante, principalmente quando o trem ameaçasse partir logo" (Douglas Razaboni, 04/2007).

Em 1997, reativou-se a locomotiva a vapor a partir dessa estação, com fins turísticos, num trecho curto de linha, operação logo desativada.

Em 16 de janeiro de 1999, deixou de receber trens de passageiros.

Por algum tempo permaneceu como uma das pouquíssimas estações que permaneciam ativas no trecho entre Rubião Júnior e Presidente Epitácio, devido ao fato de ser ponto de chegada e partida dos ramais da ALL que seguem para o Paraná.

Em 2010, a cidade continuava sendo atravessada pela linha da Sorocabana: em pleno centro, ao lado da estação, a linha passava no meio de duas ruas, paralela a elas e causando eventual confusão no tráfego de automóveis: eventuais, pois o tráfego de cargueiros não é contínuo e não são muitos que por ali passam.

"Ao contrário do estado de abandono de algumas estações ferroviárias da região Centro-Oeste Paulista, a estação está em plena atividade e é destaque no transporte de cargas, com planos de maior desenvolvimento. Ourinhos é a principal ligação ferroviária com o sul do país Diariamente chegam, em média, seis composições trazendo álcool, gasolina, diesel, matéria-prima para adubo e arroz. E a cidade também é a principal coletora de etanol da América Latina. Todos os dias saem da estação, mais de três milhões de litros do combustível para os estados do sul do país" (G1, 27/6/2014).

Em 2023 a estação continuava a servir à ALL-Rumo para cargueiros.

CLIQUE AQUI PARA VISUALIZAR A ESTAÇÃO VISTA DO SATELITE

O povoado iniciou-se em 1906, dois anos antes da inauguração da estação, em terras de Jacinto Ferreira de Sá, vindo de Santa Cruz do Rio Pardo. É possível que tal povoação tenha-se dado exatamente por ali ter se constituído uma frente de trabalho da Sorocabana no sentido de se implantar o pátio ferroviário. Nesse ano, a linha estava ainda em Manduri, de onde avançava para Salto Grande, no rio Paranapanema. No último dia de 1908,a estação foi inaugurada com o nome de Ourinho (sem o s). De onde tiraram esse nome? Ora, do fato de haver então um patrimônio com esse nome, não muito distante da nova estação em terras paulistas, mas situado em terras do município de Tomazina, no Paraná, no distrito de Jacarezinho. A maioria das pessoas que embarcavam e desembarcavam nos primeiros trens da Sorocabana vinham de... Ourinho. O nome pegou e passou para o povoado, com alguém colocando um s nele. Ourinho, com s ou sem s, era também (ou eram a mesma coisa) uma fazenda de Antonio José da Costa Junior (há uma estação da RVPSC com este nome entre Jacarezinho e Ourinhos, aliás) que atravessava o Paranapanema e chegava até a Água do Jacu, hoje um bairro de Ourinhos. Este registro foi baseado no livro de Jefferson Del Rios, Ourinhos, memórias de uma cidade paulista. Sobra apenas uma pergunta que me ficou no ar: entre 1906 e 1908, qual era o nome do povoado paulista no qual construíam a estação? Já era Ourinho ou não?

AO LADO: Um pouco da história de Ourinhos.

ACIMA: Trem misto Mandury a Ourinhos na inauguração da estação de Ourinhos em 1909 (Engenheiro Bacellar) (O Estado de S. Paulo, 2/1/1909).

1922
AO LADO:
Anúncio do início das obras do ramal para o Norte do Paraná (O Estado de S. Paulo, 14/1/1922).

1926
AO LADO:
A segunda estação já estava em obras (O Estado de S. Paulo, 2/10/1926).

OBRAS OCORRIDAS NA ESTAÇÃO E SEU PÁTIO DE ACORDO COM RELATÓRIOS DA EFS: 1926 - Extensão dos desvios para 370 m; 1934 - Construção de passagem superior; aumento de luz; construção de um embarcadouro para porcos; construção de casa para o jardineiro; assentamento de caixa d'água; construção de poço para o pessoal do lenheiro

ACIMA: O trem parte da estação em 1939 (Revista da Semana, 1939 - acervo Carlos Augusto Leite Pereira).

ACIMA: Carros de luxo SP-Ourinhos em 1939 (O Estado de S. Paulo, 5/3/1939).

ACIMA: A estação de Ourinhos, já a segunda... anos 1930. Mas será mesmo esta estação? Há quem diga que a foto se trata da estação de Jacarezinho, PR, ali perto... (CLIQUE SOBRE A FOTO PARA VER EM TAMANHO MAIOR) (Acervo Valéria Thomé de Oliveira).

ACIMA:
A esplanada da estação de Ourinhos em data não identificada (CLIQUE SOBRE A FOTO PARA VER EM TAMANHO MAIOR) (mapa da ferrovia).

ACIMA e ABAIXO:
Duas épocas na plataforma de embarque para a São Paulo-Paraná e para a RFFSA, linha de Londrina, possivelmente anos 1940 e 1970 (Autores desconhecidos).



ACIMA: Foto aérea da estação de Ourinhos - ainda a antiga - possivelmente tomada nos anos 1940 (Autor desconhecido).

ACIMA: Locomotiva a vapor puxa os carros do Ouro Verde em 1944 (Autor desconhecido).

ACIMA: No "X", o local da fotografia acima, tomada mais de 40 anos antes (Adaptação do Google Maps feita em ACIMA por Elias Vieira).

Em 1944, a estação de Ourinhos - já a segunda - já era pequena para a cidade. "Em completo desacordo com o crescente movimento ferroviário desta cidade, a estação local vem sendo motivo de constantes aborrecimentos aos que precisam viajar. Com sua exígua plataforma abarrotada de mercadorias e ponto de baldeação da RVPSC, oferece sério perigo no embarque e desembarque de passageiros. Ourinhos há muito merece uma estação que proporcione escoamento ao vultoso movimento de despachos que aí se processa" (Folha da Manhã, 15/10/1944). Foi substituída pela atual somente mais de 20 anos mais tarde.

ACIMA: À esquerda, os problemas da estação de Ourinhos - que já era a segunda da cidade e não tão velha assim, construída em 1929; À direita, arrecadação da estação de Ourinhos nos anos de 1946 e 1947 (Folha da Manhã, 8/2/1948).

ACIMA: à esquerda - Carta ao jornal em 1944 reclamando sobre os problemas da baldeação de cargas na estação de Ourinhos: CLIQUE SOBRE A FOTO PARA LER TODA A CARTA (Folha da Manhã, 28/7/1944). À direita - O embarque de passageiros prejudicado na estação (Folha da Manhã, 21/12/1945).

1949
AO LADO:
As porteiras de Ourinhos, que existem até os dias de hoje (O Estado de S. Paulo, 17/2/1949).


ACIMA: o trem da RFFSA parte de Ourinhos para o Paraná. Pela quantidade de carros, deve ser para Maringá, nos anos 1960 (Foto Francisco de Almeida Lopes).

ACIMA: Cena raríssima: no ano de 1995, a locomotiva elétrica apelidada de "Francesa", das quais somente duas foram montadas e todo o resto do lote até hoje permanece encaixotado e abandonado, importadas que foram nos anos 1980, aparece manobrando cargueiro na entrada da estação de Ourinhos (Foto Cristiano Bueno).

ABAIXO: O que pode ter sido - dizem ter sido - a estação original de Ourinhos e como estava em 2008 (Foto Jean C. Kuester).

ACIMA: A cabine de entrada do pátio de Ourinhos em 17/8/2011 (Foto Rafael Asquini).

ACIMA: Na "gaveta" da plataforma da estação de Ourinhos, os trilhos da antiga E. F. São Paulo-Paraná ainda chegam para recepcionar passageiros da baldeação... que não mais existem. A flecha mostra a posição de um trilho com as inscrições de sua fabricação... em 1929 (Foto Antonio Carlos Rapette em 2011).

ACIMA: A fachada da estação em 14/7/2023 (Foto Arnaldo Bernardes).

(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Arnaldo Bernardes, 2023; Silvio Rizzo; Valéria Thomé de Oliveira; Douglas Razaboni; Cristiano Bueno; Elias Vieira; Carlos Augusto Leite Pereira; Antonio Rapette; José Carlos Neves Lopes; Jean C. Kuester; Acervo Estela Coppieters; Francisco de Almeida Lopes; Fábio Vasconcellos; Folha da Manhã, 1944, 1945 e 1948; Folha de S. Paulo, 1963; G1, 1914; Google Maps; Jefferson Del Rios: Ourinhos, memórias de uma cidade paulista; Revista da Semana, 1939; O Estado de S. Paulo, 1997; Museu da Cia. Paulista, Jundiaí; IBGE, 1970; Planta e mapa: acervo R. M. Giesbrecht)
     


O trem inaugural chega a Ourinhos, no final de 1908. Foto do acervo de José Carlos Neves Lopes, cedida por Antonio Rapette, de Ourinhos


Estação original de Ourinhos, anos 1920. Foto do acervo de José Carlos Neves Lopes, cedida por Antonio Rapette, de Ourinhos

Planta da segunda estação de Ourinhos (1926-1969). Reprodução de álbum da Sorocabana, 1929

O trem chega à estação em Ourinhos, sem data. Foto do acervo de José Carlos Neves Lopes, cedida por Antonio Rapette, de Ourinhos

A estação de Ourinhos no final dos anos 1930. Foto colorizada. Acervo Estela Coppieters

Segunda estação de Ourinhos, anos 1950. Foto do acervo de José Carlos Neves Lopes, cedida por Antonio Rapette, de Ourinhos

Segunda estação de Ourinhos (1926-1969), c. 1950. Foto dos arquivos do Museu de Jundiaí

Estação de Ourinhos, saída dos ramais para o Paraná, c. 1995. Autor desconhecido

Partida da locomotiva a vapor de Ourinhos, 1997. Foto de O Estado de S. Paulo, 26/07/1997

Fachada da estação em 2002. Foto Fábio Vasconcellos

Plataforma da estação em 2002. Foto Fábio Vasconcellos

No mapa acima e à direita, vista aérea da estação, que aparece à direita, a meia altura. Em amarelo, no alto, o caminho dos trilhos do ramal de Cianorte; embaixo, a linha-tronco da EFS. Foto cedida por Antonio Rapette


Fachada da estação de Ourinhos em 2/2/2017. Foto Silvio Rizzo

     
Atualização: 19.07.2023
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.