A B C D E
F G H I JK
L M N O P
Q R S T U
VXY Mogiana em MG
...
Laranja Azeda
Porto Ferreira
Butiá
...
Saída para o ramal de Santa Rita (1884-1960): Ibó
...

ramal Descalvado-1935
...
ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2014
...
 
Cia. Paulista de Estradas de Ferro (1880-1971)
FEPASA (1971-1997)
PORTO FERREIRA
Municípios de Descalvado (1880-1892);
Pirassununga (1892-1896);
Porto Ferreira (1896-), SP
Tronco original da Paulista - km 205,394   SP-2629
Altitude: 549,410 m   Inauguração: 15.01.1880
Uso atual: Museu Historico Flavio da S. Oliveira (2021)   sem trilhos
Data de construção do prédio atual: 1913
 
 
HISTORICO DA LINHA: Em 1877, a Paulista abria o primeiro trecho, partindo de Cordeiros até Araras, do que seria o prolongamento de seu tronco. Em 1880, a linha, com o nome de Estrada do Mogy-Guassú, atingia Porto Ferreira, na mesma época em que a autorização para cruzar o Mogi e chegar a Ribeirão Preto foi indeferida pelo Governo Provincial, em favor da Mogiana. A linha, então, foi desviada para oeste e atingiu Descalvado no final de 1881, seu ponto final. Em 1916, as modificações da Paulista na área entre Rio Claro e São Carlos, na linha da antiga Rio-Clarense, fizeram com que o trecho fosse considerado como novo tronco, deixando a linha a partir de Cordeiros como o Ramal de Descalvado. Desde o começo em bitola larga (1,60m), ele funcionou para trens de passageiros até julho de 1976 (Pirassununga-Descalvado) e até fevereiro de 1977 (Cordeirópolis-Pirassununga). Trens cargueiros andaram pela linha até o final dos anos 1980. Abandonado, o ramal teve os trilhos arrancados entre 1996 e 2003.
 
A ESTAÇÃO: Quando os trilhos da Paulista chegaram a Porto Ferreira, como ponta de ramal, em 1880, o que existia em volta era somente a balsa do João Ferreira (que deu nome à estação e à cidade) e mais nada. A balsa, depois de comprada pela Paulista, foi extinta com a construção de uma ponte de madeira, em 1881, ponte esta mais tarde usada para os trilhos da E. F. Santa Rita, embora o objetivo na época de sua construção fosse a da continuação do ramal até São Simão.

A balsa, no entanto, chegou a dar gratuidade a quem quisesse dela se utilizar, antes de sua extinção (ver caixa abaixo, de 1881).

A chegada da navegação fluvial em 1885 e a construção da E. F. Santa Rita (em 1891 comprada pela Paulista transformando-se no ramal de Santa Rita) levaram
ao desenvolvimento da vila, ajudada pela própria empresa: "O traçado das vias públicas da cidade foi obra de seus engenheiros (da Paulista) e a construção da igreja de São Sebastião contou com seu apoio. Os empregos que oferecia eram disputados e o chefe da estação gozava de merecido destaque social, pela importância com que o cargo era tido" (Flávio da Silva Oliveira, historiador).

Em 1885 o dique do córrego Santa Rosa foi terminado, obra necessária para se permitir o atracamento dos vapores no porto do rio Mogi-Guaçu.

Curiosamente, porém, a estação de Porto Ferreira parece não possuir um prédio apropriado para tamanha importância, como de vê pelo texto seguinte, extraído do Almanak Litterario de São
Paulo
, de 1885: "(...) (a cidade) ressente-se da falta de uma estação da linha ferrea, visto que a que está servindo, ainda é a que foi provisoriamente feita". De qualquer forma, a ferrovia e a navegação trouxeram um enorme crescimento para a cidade, transformada em município em 1896.

Já a estação para a navegação fluvial teve o seu prédio construído em 1884 (ver caixa abaixo, de 1884). Teria sido incluída nesta construção um local para desembarque e embarque de passageiros nos trens?

Porém, em 1° de maio de 1903, o término da navegação fluvial, somado à mudança das oficinas dos trens de bitola de 60 cm para Jundiaí, trouxeram um grande baque para Porto Ferreira, inclusive diminuindo em muito a sua população (ver caixa abaixo de 1903).

Mesmo assim, a Paulista continuou investindo na cidade, como se pode ler nos relatórios de 1905: "Foram construidas cozinhas nas casas de turma e de empregados em Porto Ferreira (...) Concertou-se o gyrador do ramal de Santa Rita em Porto Ferreira, foram prolongados dous boeiros. Na ponte de madeira sobre o rio Mogy-Guassú, no ramal de Santa Rita, cujo soalho fora renovado em grande parte no ano de 1901, fez-se um concerto geral que importou em não pequena quantia; foram substituidas muitas das grossas vigas de madeira, quase todo o estrado de pranchões da parte da rodagem e todos os dormentes; foram assentados trilhos de 25 kg presos com tirefonds, sendo interpostas aos dormentes e trilhos selas metalicas".

Entre 1912 e 1914, mais casas para empregados foram construídas na que era uma das maiores esplanadas das linhas da Companhia. Vale também lembrar que a estação foi a primeira do trecho a ter telefone: em 1890, além dela, a casa do chefe da navegação e a doca também o tiveram instalado.

Em 1913, foi construído o prédio que é o atual da estação. A estação demolida em 1913 era a mesma que foi usada durante os quase vinte anos que durou a navegação fluvial: pelo que se conclui, era o mesmo prédio, um galpão, para a ferrovia e para a navegação. A cidade, no entanto, permanecia estagnada, por causa da própria companhia: o dique de 1885 havia criado um grande pântano na foz do rio Santa Rosa, que gerou mosquitos em profusão e como consequência uma epidemia de malária que se prolongou até os anos 1930, quando novas obras acabaram com o problema.

É o historiador Flávio quem narra: "A cidade chegou a ser servida por trens de passageiros e mistos, em três horários diários para São Paulo, ida e volta, sem contar os de carga. Durante a crise dos anos 1930, a Paulista foi praticamente um dos raros esteios que sustentaram a comunidade, então no marasmo. Na época uma das poucas distrações da cidade era ir à estação ver o trem chegar...".

Em 1960, desativou-se o ramal de Santa Rita.

Em 1975, a Companhia de Cigarros Souza Cruz filmou lá na estação o anúncio que se tornou famoso na época, dos cigarros Continental, em que o ator Herson Capri chegava com o trem para rever a família, ao som de uma música de Roberto Carlos.

Um ano depois, o último trem de passageiros do trecho entre Pirassununga e Descalvado passou por Porto Ferreira, em 31 de julho.

Trens de carga, com frequência cada vez menor, continuaram trafegando no trecho por mais uns dez anos, com óleo combustível para a Nestlé, na cidade, ou trazendo areia de Descalvado. Depois disso, o mato invadiu os trilhos.

A estação foi abandonada e fechada no final dos anos 1980. Em 1995, começou-se a sua reforma, com o objetivo de abrigar a Secretaria da Cultura do Município, e a Hípica da cidade, que aproveitava a sua grande esplanada que ficou. Inicialmente pintada de azul, a estação, em 1998, ganhou a cor amarela, mais parecida com a cor original.

Em meados de 1997, os trilhos foram retirados de toda a cidade. O girador de locomotivas de bitola larga foi restaurado - mas os trilhos foram retirados (!) e o armazém era em 2014 um anfiteatro, depois de reformado em 2009. Também sobravam trilhos junto à estação, cobertos pelo asfalto.

Em julho de 2021, foi implantado na ex-estação o Museu Historico Flavio da Silva Oliveira.

Porto Ferreira é a terra natal de minha avó, Maria da Silva Oliveira (1894-1987). Quarta filha de Daniel de Oliveira Carvalho (1846-1928) e de Constancia da Silva (1869-1932), portugueses que se estabeleceram na cidade em 1886, Maria casou-se com o piracicabano Sud Mennucci em 1917 e, depois de morar na cidade, em Campinas e em Piracicaba, mudou-se com o marido e a filha para a cidade de São Paulo em 1925, cidade de onde nunca mais saiu (do autor deste site).
A estação ferroviária parece ter sido construída de forma "definitiva" durante a implantação da navegação fluvial, decidida após a chegada do ramal à localidade de Porto Ferreira. Provavelmente atendia aos dois modais: "Em Porto Ferreira tem a companhia uma doca e guindaste a fim de baldear as cargas das lanchas directamente para os vagões da ferrovia e vice-versa" (Relatório do Presidente da Província, 1886, ref. 1885).

1880
AO LADO:
A Paulista institui um "imposto" para levar a linha até Porto Ferreira e revolta os usuários avança de Pirassununga para chegar a Porto Ferreira (A Provincia de S. Paulo, 11/1/1880)

1880
AO LADO:
A linha da Paulista avança de Pirassununga para chegar a Porto Ferreira (A Provincia de S. Paulo, 11/1/1880)

1880
AO LADO:
A linha da Paulista chega e com isso começa a história da cidade de Porto Ferreira (A Provincia de S. Paulo, 15/1/1880)

1880
AO LADO:
E apesar da estação já estar funcionando e a Cachoeira das Emas ser fora da cidade e não ter ainda um acesso por trilhos para ela... e, em março, a ponte de Emas desabaria. (A Provincia de S. Paulo, 5/3/1880)

1880
AO LADO:
Com a queda da ponte, a Paulista faz a balsa gratuira. Mas ela estava falando da balsa de Porto Ferreira ou da que existia nas Emas?. (A Provincia de S. Paulo, 27/4/1880)

1883
AO LADO:
A Cia, Oaulista resolve bancae o custo de apedregulhamento da ponte sobre o rio Mogi-Guassu para receber cargas com mais facilidade. Lembrar que ainda não havia a ferrovia qie ligava a cidade a Santa Rita do Passa-Quatro (A Provincia de S. Paulo, 11/4/1883)

1884
AO LADO:
A Cia, Oaulista resolve bancae o custo de apedregulhamento da ponte sobre o rio Mogi-Guassu para receber cargas com mais facilidade. Lembrar que ainda não havia a ferrovia qie ligava a cidade a Santa Rita do Passa-Quatro (A Provincia de S. Paulo, 14/6/1884)

1884
AO LADO:
Chegam vagões com peças para construção dos vapores para a navegação fluvial a Porto Ferreira (A Provincia de S. Paulo, 21/10/1884)

1888
AO LADO:
O chefe da estação passa a ser o chefe dos correios da cidade em Porto Ferreira (A Provincia de S. Paulo, 10/3/1888)

1895
AO LADO:
Descrevendo a estação e a cidade de Porto Ferreira - CLIQUE SOBRE O ARTIGO PARA VÊ-LO INTEIRO (O Estado de S. Paulo, 5/8/1895)

1895
AO LADO:
Desmentindo a descrição anterior... - CLIQUE SOBRE O ARTIGO PARA VÊ-LO INTEIRO (O Estado de S. Paulo, 8/8/1895)

1899
AO LADO:
Assalto no embarque em Porto Ferreira para Pirassununga (O Estado de S. Paulo, 31/01/1895)


ACIMA: A lancha Conde D'Eu estacionada no cais da estação de Porto Ferreira, quando esta era o porto inicial da navegação até Pontal. A fotografia é do final do século XIX (Acervo Museu Flávio da Silva Oliveira, Porto Ferreira).

1903
AO LADO:
Fim da navegação fluvial em Porto Ferreira (O Estado de S. Paulo, 28/4/1903)

ACIMA: A locomotiva 22 com o engenheiro Nabor Jordão e o Sr. Adão Gray, este chefe do depósito de Campinas, durante a greve dos empregados da Cia. Paulista, protegendo a máquina de possíveis vandalismo (O Malho, 3/6/1906).
ACIMA: Cruzamento da linha de bitolinha (60 cm) com a bitola larga (1,60m). Isto existiu até 1960 (Data e autor desconhecido).

ACIMA: Virador de Porto Ferreira, em 2010. Em 2014 os trilhos já haviam sido arrancados. (Foto Ademir Souza).

ACIMA: Estação de Porto Ferreira em 13/12/2021 (Foto Sergio Vick).

TRENS - De acordo com os guias de horários, os trens de passageiros pararam nesta estação de 1880 a 1976. Na foto à esquerda, o trem do ramal está parado em Loreto. Clique sobre a foto para ver mais detalhes sobre esses trens. Veja aqui horários em 1964 (Guias Levi).
(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Ademir Souza; Carlos R. Almeida; José Antonio Vignoli; Janine Lougon Moulin; Rodrigo Cabredo; Ricardo Frontera; Flávio da Silva Oliveira, in memoriam (1916-82); Museu Flavio da Silva Oliveira; O Malho, 1906; Ralph Mennucci Giesbrecht: Caminho para Santa Veridiana, 2003; Relatório do Presidente da Província, 1886, ref. 1885; José Pessoa da Motta Júnior: Almanak Litterario de São Paulo, 1885; Cia. Paulista: Relatórios anuais, 1872-1969; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
     

A estação de Porto Ferreira em 1916. Foto do álbum da Paulista

A estação em 1931. Acervo Museu Flávio da Silva Oliveira, Porto Ferreira
A ESTAÇÃO
A estação em 1981, já depois da desativação dos trens de passageiros, mas recebendo cargueiros. Trilhos ainda brilhando e sem mato. Autor desconhecido

Nos anos 1980, com o carro do SENAI estacionado. Foto José Antonio Vignoli

Nos anos 1980, com o carro do SENAC estacionado. Foto José Antonio Vignoli

Plataforma da estação no final dos anos 1980. Foto Carlos R. Almeida

A estação abandonada, em 1991, ainda com a cor original. Foto Rodrigo Cabredo

Em 1996, a estação reformada e repintada. Foto Ralph M. Giesbrecht

Em 9/8/1997, a estação pintada de novo, agora de amarelo. Foto Ralph M. Giesbrecht

Em 2000, a estação. Foto Ricardo Frontera

O rio Mogi-Guaçu visto da entrada da antiga ponte ferroviária, em 16/11/2002. O pátio da estação está à esquerda. Foto Ralph M. Giesbrecht

O guindaste e o armazém em 16/11/2002. Foto Ralph M. Giesbrecht

O armazém em 16/11/2002. Foto Ralph M. Giesbrecht

O girador, em 16/11/2002. Foto Ralph M. Giesbrecht

O girador, em 16/11/2002. Foto Ralph M. Giesbrecht

O girador, em 16/11/2002. Foto Ralph M. Giesbrecht

Em 16/4/2010, a estação mudou de cor novamente. Foto Carlos R. Almeida

A estação em 7/5/2014. Foto Ralph M. Giesbrecht

A estação em 11/2018. Foto Henrique Godoi

A estação em 13/12/2021. Foto Sergio Vick
 
     
Atualização: 15.12.2021
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.