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VXY Mogiana em MG
Indice de estações
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Machado
Blauth
Caruará
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Mapa das linhas em 1940
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ESTIVE NO LOCAL: NÃO
ESTIVE NA ESTAÇÃO: NÃO
ÚLTIMA VEZ: S/D
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V. F. Rio Grande do Sul (1928-1975)
RFFSA (1975-1996)
BLAUTH (DESVIO BLAUTH)
Município de Farroupilha, RS
Linha de Caxias - km 914,017 (1960)   RS-0647
Altitude: 670 m   Inauguração: 25.02.1928
Uso atual: demolida   com trilhos
Data de construção do prédio atual: n/d
 
HISTORICO DA LINHA: A linha Porto Alegre-Caxias foi aberta no trecho entre a Capital e São Leopoldo em 1874, como a primeira ferrovia do Estado. Em 1876 foi prolongada até a estação de Novo Hamburgo. Em 1905, a Cie. Auxiliaire assumiu a linha. Apenas em 1909 a linha teve continuação, partindo de Rio dos Sinos, 7 km antes de Novo Hamburgo e chegando até Carlos Barbosa, e, no ano seguinte, até Caxias (Caxias do Sul). Em 1920 a linha foi assumida pela VFRGS. Foi desativada nos anos 1980; o trecho até São Leopoldo foi retificado e serve hoje ao sistema Trensurb da Grande Porto Alegre (trens metropolitanos); entre Rio dos Sinos e Montenegro, a linha foi erradicada em 1963, substituída por uma variante; para a frente, existem trilhos ainda em alguns pedaços, mas oficialmente a ferrovia a partir de Montenegro foi extinta em 1994 pela RFFSA.
 
A ESTAÇÃO: A parada de Blauth, ou Desvio Blauth, foi inaugurada em 1928, de acordo com o Guia Geral de 1960. Ariosto Borges Fortes dá esta data como tendo sido em 10/01/1912, portanto bem antes. Ficava junto a uma estação de veraneio.

"Segundo consta, um dos primeiros ou o primeiro veraneio importante no Estado foi o Veraneio do Desvio Blauth, terceiro distrito do município de Farroupilha. Este hotel ficava numa parada obrigatória do trem para se abastecer de água, o que o transformava num ponto de atração especial, na época e na região. Neste veraneio, que operou entre 1930 e 1960, até fins da década dos anos 50, do século XX, eram recebidas famílias inteiras, sendo os seus membros distribuídos em vários alojamentos: de casais, com os quais ficavam os filhos menores, de rapazes e de moças. Existiam normas sobre meio ambiente, sobre horários de banhos no 'lago', sobre caminhadas no mato, sobre a hora de apagar a luz (gerada autonomamente na pequena central hidroelétrica própria, movida pela água do reservatório da barragem), sobre o horário das refeições e sobre o comportamento em geral.

Existia um salão de jogos, onde predominavam os jogos de cartas, um salão de festas, para reuniões dançantes e outros atrativos, entre os quais passeios de charretes e cavalgadas, bocha e jogo do osso. Nessa época, a região polarizada por Caxias do Sul e Bento Gonçalves transformou-se num núcleo importante de veraneio, a tal ponto que Bento Gonçalves, entre 1920 e 1955, contou com mais de 15 hotéis e pensões de veraneio, para onde fluíam as famílias abastadas e de classe média da região de Porto Alegre e de outros núcleos do Rio Grande do Sul. Hoje, no local do Veraneio Blauth, descendentes diretos da família Arenhaupt, mantém uma micro-empresa chamada "Paraíso das Cabrinhas", com a esperança de recuperar a pousada que tanto prestígio teve no passado.

Era uma clientela que buscava isolamento, repouso, boa comida e bom atendimento. Os homens jogavam cartas e bebiam grapa e vinho colonial, comiam salame e pão feito em casa; também davam uma escapada até uma boa bodega. As mulheres faziam crochê, conversavam entre elas e visitavam as "colônias" em busca de alguma curiosidade e para comer uva. As crianças passeavam de charrete, visitando e conhecendo as plantações e os parreirais. Era um típico veraneio familiar e interiorano, com comida farta. A partir de 1931, com a organização da primeira Festa Nacional da Uva e do Vinho, em Caxias do Sul, a região passou a ser conhecida nacionalmente
" (Hotel Dall'Onder: Uma empresa sociotélica, Rogerio Ortiz Porto, julho de 2002, p. 42-43).

Quanto à paradinha... ainda existiria? "No dia 17/12/2008, estive no Desvio Blauth. À primeira vista não encontrei nada, a não ser a base da antiga caixa d'água, porém, depois de observar atentamente, vi uma fileira de pedras, com o provável comprimento de uma plataforma, que ainda se encontravam cimentadas no chão, ao lado dos trilhos. Após olhar fotos antigas da parada, pude concluir que as pedras eram da fundação de uma antiga plataforma e, perante os fatos, posso afirmar que a parada foi demolida" (Lucas Scopel, 12/2008).


ACIMA: Desvio Blauth ficava aqui (Foto Vitor Hugo Langaro em novembro de 2015).

(Fontes: Patricia Haupt; Julio Paiva; Lucas Scopel; Acervo R. M. Giesbrecht; Rogerio Ortiz Porto: Hotel Dall'Onder - Uma empresa sociotélica, 2002; VFRGS: Relatórios, 1920-68; Ariosto Borges Fortes: VFRGS, suas estações e paradas, 1962; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Guias Levi, 1940-1979; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
     

Parada Blauth com carro motor. Anos 1920 ou 1930. Acervo Patricia Haupt

Parada Blauth com o trem. Anos 1920 ou 1930. Acervo Patricia Haupt

Parada Blauth, ao fundo, com o trem. Anos 1920 ou 1930. Acervo Patricia Haupt

A parada Desvio Blauth, em 1933, com um "carro-motor" da VFRGS. Acervo Ralph M. Giesbrecht

A parada de Blauth e a vila em volta. Cartão postal de 1934, cessão Julio Paiva
 
     
Atualização: 27.11.2017
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.