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VXY Mogiana em MG
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No ramal de Bauru (1937-1941) e no tronco oeste (1941-2001):
Aimorés
Triagem
Bauru Paulista
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Tronco oeste CP-1970

IBGE-1970
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ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2008
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Cia. Paulista de Estradas de Ferro (1937-1971)
FEPASA (1971-1998)
Ferroban (1998-2001)
TRIAGEM
Município de Bauru, SP
ramal de Bauru - km
Linha-tronco oeste - km 336,553
  SP-0644
Altitude: 490,760 m   Inauguração: 19.06.1937
Uso atual: em ruínas (2018)   com trilhos
Data de construção do prédio atual: 1937
 
 
HISTORICO DA LINHA: O chamado tronco oeste da Paulista, um enorme ramal que parte de Itirapina até o rio Paraná, foi constituído em 1941 a partir da retificação das linhas de três ramais já existentes: os ramais de Jaú (originalmente construído pela Cia. Rio-clarense e depois por pouco tempo de propriedade da Rio Claro Railway, comprada pela Paulista em 1892), de Agudos e de Bauru. A partir desse ano, a linha, que chegava somente até Tupã, foi prolongada progressivamente até Panorama, na beira do rio Paraná, onde chegou em 1962. A substituição da bitola métrica pela larga também foi feita progressivamente, bem como a eletrificação da linha, que alcançou seu ponto máximo em 1952, em Cabrália Paulista. Em 1976, já com a linha sob administração da FEPASA, o trecho entre Bauru e Garça que passava pelo sul da serra das Esmeraldas, foi retificado, suprimindo-se uma série de estações e deixando-se a eletrificação até Bauru somente. Trens de passageiros, a partir de novembro de 1998 operados pela Ferroban, seguiram trafegando pela linha precariamente até 15 de março de 2001, quando foram suprimidos.
 
A ESTAÇÃO: A estação de Triagem foi aberta em 1937, ainda no ramal de Bauru.

A partir de 1941, passou a fazer parte do tronco oeste.

Em maio de 1999, quando visitei o local, a estação ainda estava em ótimo estado, externamente, embora dentro estivesse desarrumada e com móveis velhos; havia pessoal trabalhando. A entrada e a saída das pessoas se dava por cima dos trilhos; não existia, e nunca existiu, entrada pelo que seria a "frente": do lado de lá da linha, somente havia mato. Foi a primeira estação que vi que estava já com o dístico da Ferroban. Nos seus desvios, inúmeras locomotivas e vagões. Era já então um pátio de manobras estratégico, próxima à estação de Bauru, entroncamento com a Noroeste.

Ficava localizada a leste e muito próxima da rodovia SP-300 (Marechal Rondon), já numa das entradas da cidade.

"Em Triagem fica o coração de manobras da bitola larga de Bauru. Os maquinistas de lá são legais e ali dei início ao passeio de trem mais fascinante da minha vida. Vi uma máquina manobrando no fundo do páteo com um retorno de uns 35 vagões-tanque para Paulínia. Na cara-de-pau, pedi a carona e ele concedeu, então fomos em direção a Itirapina. Foi legal, eram umas dez da noite quando chegamos à magnífica Pederneiras. Mais à frente, a ponte de Ayrosa, onde o trem apitou até dizer chega. O apito da máquina ecoava pelo vale do Tietê, era lindo olhar pela janelinha da cabine e ver aqueles vagões lá atrás invadindo a ponte naquele mar de água! Chegamos em Jaú às onze e qualquer coisa e apitamos, de novo bastante, até chegar na estação. De Jaú a Dois Córregos, a chegada de trem mais fascinante e encantadora que eu já vi. Mesmo com a visão da estação bem na frente, o trem serpenteia até conquistá-la. Na serra, muitos apitos e um cruzamento em Ventania. Passa um trem de passageiros lotado. Ter aquela serra na frente é uma beleza. Você pode ver a sinalização a três, cinco quilômetros de distância. Desci em Brotas, sem me queixar das cinco horas em que fiquei de pé" (Rodrigo Cabredo, maio de 1999).

Durante o ano de 2000, a estação de Triagem passou a abrigar cada vez mais material rodante na "fila da morte", ou seja, que entrariam nos leilões de materiais da moribunda RFFSA realizados em 2000 e 2001. Também servia como pátio de manobras para a Ferroban.

Em 2010, dois anos após mina última visita ao pátio, estava abandonada, apenas com o pátio lotado de vagões e locomotivas, muitos esperando o seu fim. No final de 2009 haviam chegado ali as locomotivas elétricas, diesel e carros de passageiros (principalmente Budds 800) que estavam em outros pátios, como o de Sorocaba, para aguardar o seu fim - um verdadeiro desastre para a memória ferroviária do país.

Em 2018, a estação já estava em ruínas.


ACIMA: A estação de Triagem nos "bons tempos" - mas sem data. Talvez na abertura do tráfego elétrico nesta estação, em 1941. A locomotiva "V-8" chega de São Paulo, o movimento de composições e de gente no pátio é grande. Tempos de fausto. Pátio e trilhos limpíssimos. A bitola mista já permitia a chegada de composições da métrica da Noroeste ou da Sorocabana vindos dos ramais que saíam e chegavam a Bauru dessas duas estradas. A ferrovia era respeitada e, apesar de todas as queixas, respeitava muito mais os funcionários do que hoje (Foto publicada em edição do Jornal da Cidade, Bauru, 2007 - gentileza Ricardo Frontera).

ACIMA: O oposto, em 2007. A foto mostra a divisão da bitola mista, junto ao pátio de Triagem, vindo do pátio da ex-Noroeste em Bauru. Na verdade, após tal divisão, a linha da esquerda adentra no próprio pátio e da direita, em bitola mista, adentra os depósitos de combustíveis acima do referido pátio, e conta inclusive com a entrada dos vagões T de bitola métrica, procedentes do ramal de Bauru da ex-Sorocabana. Sujeira e mato por toda parte, dormentes podres (Foto Ricardo Frontera, em agosto de 2007).

ACIMA: Parte do pátio da estação de Triagem em janeiro de 2014. Um matagal enorme (Foto Thiago Guimarães).

(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local, 1999-2008; José Pascon Rocha; Leandro Gouveia; Adriano Martins; Ricardo Frontera; Rodrigo Cabredo; Eric Silva; Carlos Cornejo; Jornal da Cidade, Bauru, 2007; Cia. Paulista: Relatórios anuais, 1935-69; IBGE, 1970; Mapas - acervo R. M. Giesbrecht)
     

Triagem, por volta de 1940. Acervo Carlos Cornejo

A estação em 4/4/1983. Foto José Pascon Rocha

Triagem, em 20/05/1999. Foto Ralph M. Giesbrecht

Triagem, em 20/05/1999. Foto Ralph M. Giesbrecht

A estação, em 04/2003. Foto Adriano Martins

Triagem, em 11/2004, já abandonada e o pátio cheio de mato. Foto Ricardo Frontera

A estação de Triagem em 08/2005. Foto Eric Silva

A estação depredada em 02/2009. Foto Leandro Gouveia

O que sobra da estação em 21/11/2018. Foto Leandro Guedini
     
Atualização: 27.11.2018
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.