A B C D E
F G H I JK
L M N O P
Q R S T U
VXY Mogiana em MG
...
(1889-1952)
Lageado
Botucatu
Rubião Júnior
...
(1952-2001)
Belvedere
Botucatu
Rubião Júnior
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Saída para o ramal de Porto Martins (1952-1954):
Lageado
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Tronco EFS - 1935

IGGSP-1928
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ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2010
...
 
E. F. Sorocabana (1889-1892)
Cia. União Sorocabana e Ytuana (1892-1907)
Sorocabana Railway (1907-1919)
E. F. Sorocabana (1919-1971)
FEPASA (1971-1998)
BOTUCATU
Município de Botucatu, SP
Linha-tronco - km 307,273 (1924); km 295,430 (1931); km 268,480 (1960) (*)   SP-1042
Altitude: 777 m   Inauguração: 20.04.1889
Uso atual: entregue restaurada em 22/9/2016   com trilhos
Data de construção do prédio atual: 1934
(*) As quilometragens foram alteradas em 1928, devido às retificações feitas entre São Paulo e Iperó neste ano e em 1953, devido às retificações feitas entre Conchas e Manduri neste ano.
 
 
HISTORICO DA LINHA: A E. F. Sorocabana foi fundada em 1872, e o primeiro trecho da linha foi aberto em 1875, até Sorocaba. A linha-tronco se expandiu até 1922, quando atingiu Presidente Epitácio, nas margens do rio Paraná. Antes, porém, a EFS construiu vários ramais, e passou por trocas de donos e fusões: em 1892, foi fundida pelo Governo com a Ytuana, na época à beira da falência. Em 1903, o Governo Federal assumiu a ferrovia, vendida para o Governo paulista em 1905. Este a arrendou em 1907 para o grupo de Percival Farquhar, desaparecendo a Ytuana de vez, com suas linhas incorporadas pela EFS. Em 1919, o Governo paulista voltou a ser o dono, por causa da situação precária do grupo detentor. Assim foi até 1971, quando a EFS foi uma das ferrovias que formaram a estatal FEPASA. O seu trecho inicial, primeiro até Mairinque, depois somente até Amador Bueno, desde os anos 20 passaram a atender principalmente os trens de subúrbio. Com o surgimento da CPTM, em 1994, esse trecho passou a ser administrado por ela. Trens de passageiros de longo percurso trafegaram pela linha-tronco até 16/1/1999, quando foram suprimidos pela concessionária Ferroban, sucessora da Fepasa. A linha está ativa até hoje, para trens de carga.
 
A ESTAÇÃO: A estação de Botucatu foi aberta em 1889 como ponta de linha. A estação era distante da cidade, tanto que havia uma concessão para uma linha de bondes ligando-a à cidade. E olhe que distavam apenas 1,5 km entre si (ver fotos ao pé da página).

Em 1906, foi construído um novo prédio para a estação (ou houve uma reforma geral no antigo): "Com os melhoramentos nos edifícios, pateos e modificações na linha, despendeu-se a somma de Rs 20:823$200" (Relatório da E. F. Sorocabana para 1906).

As fotos da estação em 1906 e 1922 mostram dois prédios muito diferentes e com boa diferença de tamanho (ver fotos em caixas abaixo e ao pé da página).

Em 1934, foi substituído por um terceiro - construído por Camargo & Mesquita Engenheiros, conforme constante em placa de mármore até hoje na estação.

De 1952 a 1955, desta estação saíam os trilhos do ramal de Vitoriana, de curta duração, "resto" que sobrou da antiga linha-tronco da Sorocabana, entre Juquiratiba e esta estação.

A estação ficou abandonada depois da supressão dos trens de passageiros, em 16/01/1999, mas em maio de 2001, passou a servir de sede para a Prefeitura Municipal. O relato a seguir mostra o abandono por que passou a estação nos últimos anos: "Acreditem vocês que na estação de Botucatu um grupo de migrantes do Piauí alojou-se nas suas dependências. Uma senhora estava cozinhando um bocado de frango e para isso simplesmente pegou um pouco de madeira de uma das janelas de imbuia da estação e fez uma fogueira bem no centro da sala, em cima do logo da EFS em granilite e ainda me convidou para almoçar (...) uma das crianças perguntou porque eu estava tirando fotos. Depois das explicações de praxe, perguntei se ele sabia o nome da cidade. A resposta: não sei. É uma judiação. Logo depois, vi um senhor sentado na frente da estação contemplando-a. Ao me ver fotografando, chegou perto de mim e começou a contar um monte de coisas, que no tempo dele, em 1945, só descia gente fina nela, que um monte de táxis parava na frente da estação esperando o trem chegar, que a estação já foi até um banco, onde faziam pagamentos e empréstimos... Toda sua família era de ferroviários. Seu filho foi maquinista, seu pai, chefe de turma e ele, fazia de tudo um pouco... (Júlio C. Paiva, 16/01/2001).

A Prefeitura não demorou muito tempo no local, tendo de sair por mandado judicial. O prédio foi fechado e abandonado. "O vandalismo da estação não chegou ao mesmo nível do do depósito. Tá certo, ela foi depenada - já arrancaram diversas janelas todas em embuia do começo do século passado, arrancaram tudo o que existia de bronze: bilheterias, lustres, roubaram os móveis, o relógio, quebraram os vidros, mas ainda não botaram fogo. Esta, enfim, ainda é um caso para restauração, pois ainda mantém as características originais. Quanto ao resto, ou seja, depósito e armazém, não há nada mais a se fazer. Está tudo em ruínas. Nesses casos não existe mais restauração possível. Qualquer coisa que se faça em cima disso assim não se pode chamar. Reconstrução seria mais apropriado, mas com materiais diferentes dos originais e também dificilmente se manteria a configuração original." (José David de Castro, 04/2003).

Em 2003, novamente abandonada, a estação ainda conservava sua majestade. Carros e locomotivas depredadas esperavam pela morte em seus pátios, com vários desvios já retirados e o armazém incendiado. Uma cena apocalítica que mostrava o descaso das autoridades de nosso país. Poucos dias depois, em 12 de dezembro de 2003, uma composição da Ferroban, descendo de Rubião Junior, perdeu os freios e bateu contra os pilares da gare da estação de passageiros, jogando toda a cobertura para o chão. Em março de 2009, a estação já começava a ameaçar ruína. No pátio então, nem se falava: dezenas de vagões, mais carros e locomotivas apodreciam; a oficina já era apenas uma carcaça. Em 2012, a cobertura metálica da plataforma foi derrubada por vagões da ALL que por ela passavam com a largura maior do que deviam: enganchando na base metálica, fizeram a mesma desabar. No final desse ano, a Prefeitura anunciou o início das obras de restauro da velha estação. Vamos esperar para ver no que vai dar.

Em 22/9/2016, a estação foi entregue totalmente restaurada.

1888
AO LADO:
Autorização para construção de linha de bonde em Botucatu (nunca foi construida) (A Provincia de S. Paulo, 18/5/1888).

1889
AO LADO:
No dia 24 de março, durante uma visita a São Paulo e o interior da provincia, o Conde D'Eu é convidado para ver as obras finais da estação de Botucatu e da linha que seria entregue nos próximos dias. O jornal A Provincia deu a notícia de forma a mostrar que ele era totalmente contra a monarquia e fazia ampla campanha para derrubá-la (A Provincia de S. Paulo, 27/3/1889).

1889
AO LADO:
Outra visão do mesmo jornal à visita do Conde D'eu (A Provincia de S. Paulo, 4/4/1889).

1889
AO LADO:
Faltavam duas semanas para a inauguração da estação em Botucatu e o acesso a ela já era denomiada Rua da Estação (A Provincia de S. Paulo, 3/4/1889).

1891
AO LADO:
Queixas contra a falta de troco na estação - e sobrou até para a Cia. Paulista! (O Estado de S. Paulo, 15/1/1891).

1895
AO LADO:
A avenida Floriano Peixoto já existia em 1895 e ainda hoje exite com esse nome, além de continuar ligando o centro velho à ex-estação, que, naquela época, estava no limite da zona urbana da cidade (O Estado de S. Paulo, 14/5/1895).
ACIMA: Em janeiro de 1898, foi capturado em Botucatu o "famoso" bandido Chico Tanoeiro (mas ele fugiria no dia seguinte) - CLIQUE SOBRE A REPORTAGEM PARA VÊ-LA INTEIRA (O Estado de S. Paulo, 4/1/1898).

1898
AO LADO:
Sugere-se um bonde para a estação (e ela nem era tão longe assim). Nunca foi construída a linha (O Estado de S. Paulo, 31/8/1898).

1900
AO LADO:
Chuvas em Botucatu paralisam a linha (O Estado de S. Paulo, 14/02/1900).




1916
AO LADO:
Dados sobre a estação da Sorocabana no artigo escrito em 1916 sugerem que a segunda estação já estava em atividade desde 1906 e a primeira havia sido demolida (ou reformada) - e uma pergunta: por que sobre a data da inauguração do prédio da estação original tinha acima "as armas da Alemanha"? (O Estado de S. Paulo, 14/02/1900).
ACIMA: A estação de Botucatu nos "bons tempos". Era ainda a segunda estação. Talvez a primeira. Está ao fundo. À frente, o armazém da época e uma casa de turma, esta em primeiro plano. Era a chegada de São Paulo (Provavelmente anos 1920 - autor desconhecido).

ACIMA: Mapa de Bocutatu em 1949. CLIQUE SOBRE A IMAGEM PARA VE-LA MAIOR E TAMBEM OUTRAS LINHAS E RAMAIS (IGG, 1949).

ACIMA: Mapa de data desconhecida - provavelmente anos 1920 - mostrando a linha nova e a velha da Sorocabana na região de Botucatu e de Avaré. Por ele dá para se ter uma idéia de como Botucatu ficou na linha, juntamente como Rubião Júnior, por estarem no centro das variantes. A linha nova (estilizada, pois não mostra todas suas curvas) é a que está com barras (Acervo Ralph M. Giesbrecht).

1931
AO LADO:
Entregue o prédio das oficinas na estação (
O Estado de S. Paulo, 26/4/1931).

1933
AO LADO:
A nova estação ainda em obras, pouco antes de sua entrega às atividades (
O Estado de S. Paulo, 30/9/1933).

OBRAS OCORRIDAS NA ESTAÇÃO E SEU PÁTIO DE ACORDO COM RELATÓRIOS DA EFS: 1934 - Substituição de trilhos; melhoramentos no depósito; instalação de força no depósito; remodelação do pátio; construção de duas cabinas eletromecânicas; cobertura da caixa d'água no depósito; aquisição de um relógio de ponto para pessoal do depósito; construção de um estádio para operários; aquisição de uma bomba para embuchamento no depósito; casa para pernoite do pessoal dos trens; aquisição de terreno e construção de caixa d'água para o depósito; construção de um bueiro em frente ao depósito; aquisição e assentamento de prensa hidráulica para embuchamento; ponte rolante e respectiva talha no depósito; construção de casa para o armazenista do depósito; pintura da casa do engenheiro reidente; pintura do escritório; remodelação da oficina da residência; assentamento da caixa d'água; modificação no encanamento; retirada do encanamento do patio


ACIMA: Foto de revista ou de jornal (não identificada) mostra que em 1934 os governadores ainda andavam - e muito - de trem (Autor desconhecido).

ACIMA: Pátio de Botucatu em data desconhecida (Biblioteca Nacional).

ACIMA: Desastre, aparentemente sem mortes, em Botucatu, em 1937 (Correio Paulistano, 21/1/1937).

ACIMA: A cidade de Botucatu em 1951 (CLIQUE SOBRE A FIGURA PARA VER O MAPA INTEIRO). Notar que a estação está ao norte da cidade, no limite da zona urbana nessa época (Instituto Geografico de Geologico de SP).
ACIMA: Anúncio do bar da estação de Botucatu (Guia Oficial da E. F. Sorocabana, 2o semestre 1953).

ACIMA: Em 1963, a estação de Botucatu aboliu o pagamento a funcionários da cidade através do "trem pagador" (Folha de S. Paulo, 30/7/1963).

ACIMA: Em 1981, o armazem da estação em primeiro plano; ao fundo, a estação de Botucatu

ACIMA e ABAIXO: As oficinas de Botucatu por volta de 1980 (autor desconhecido) e em 27/2/2009 quando já eram apenas uma carcaça (Foto Leandro Gouveia).



ACIMA: O velho bar dentro da estação ainda estava em condição razoável, mas sujo e desativado, em 2001 (Foto Julio Cesar de Paiva).
ABAIXO: No grande pátio ferroviário de Botucatu, ferro-velho dos antigos carros, vagões e locomotivas da FEPASA apodrecem há anos (Foto em junho de 2010 de Gabriel Marazzi).
ACIMA: Trem da concessionária derruba a plataforma em março de 2012 (Autor desconhecido).

ACIMA: Interior e exterior da estação durante sua "reinauguração" em 22 de setembro de 2016 (Fotos http://acontecebotucatu.com.br).

(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Daniel Gentili; Gabriel Marazzi; João Pires Barbosa Filho; Antonio Fernando Pereira; José David de Castro; João Pinto da Rocha, Júlio César de Paiva; Guido Sarin Jr.; Leandro Gouveia; http://acontecebotucatu.com.br; Folha de S. Paulo, 1963; Museu H. I. "Lá vem o trem", Botucatu; E. F. Sorocabana: Relatórios anuais, 1875-1969; E. F. Sorocabana, Guia Oficial, 2o semestre 1953; Mapas - acervo R. M. Giesbrecht)
     

A plataforma da pequena estação primitiva de Botucatu, 1906. Foto dos arquivos do Museu H. I. "Lá vem o trem", Botucatu

A segunda estação, em 1922. Foto João Pinto da Rocha

A estação em 1934, recém-inaugurada. Foto dos arquivos do Museu H. I. "Lá vem o trem", Botucatu

A gare da estação, ainda inteira e aberta, em 06/07/1994. Foto João Pires Barbosa Filho

Em 1996, excursionistas esperam pelo trem em Botucatu. Foto Antonio Fernando Pereira

A estação, em 18/07/1998, já fechada. Foto Ralph M. Giesbrecht

O abandono no pátio da estação, setembro de 2000. Foto José David de Castro

Fachada da estação, janeiro de 2001. Foto Júlio César de Paiva

Detalhes da estação, em 06/2003. Foto Guido Sarin Jr.

Detalhes da estação, em 06/2003. Foto Guido Sarin Jr.

Fachada da estação em 27/02/2009. Foto Leandro Gouveia

Fachada da estação em 27/02/2009. Foto Leandro Gouveia

Plataforma de embarque em Botucatu, em 2010. Foto Gabriel Marazzi

A estação em 23/4/2016. Foto Fernando Marietan
 
     
Atualização: 19.01.2022
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.