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Prolongamento da
E. F. Bahia ao São Francisco (1880-1896)
E. F. do São Francisco (1896-1911)
Cia. Chemins de Fer Federaux du L'Est Brésilien (1911-1935)
V. F. F. Leste Brasileiro (1935-1975)
RFFSA (1975-1996) |
SÃO
FRANCISCO
Município de Alagoinhas, BA |
Linha tronco - km 122,583 (1960) |
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BA-2312 |
Altitude: 137 m |
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Inauguração: 18.11.1880 |
Uso atual: abandonada (2016) |
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com trilhos |
Data de construção do
prédio atual: 1880 |
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HISTORICO DA LINHA: A
linha-tronco da Viação Ferrea do Leste Brasileiro (VFFLB)
era a linha original da E. F. Bahia ao São Francisco, aberta
entre 1860 e 1863 e ligando a estação da Calçada,
em Salvador, à de São Francisco, em Alagoinhas, ainda
bem longe do rio do mesmo nome. Esta linha foi incorporada pelo Governo
baiano em 1903, repassada a outros concessionários até
que em 1911 foi entregue à concessão da Cia. Chemins
de Fer Federaux du L'Est Bresilien, de capital francês. Em 1935,
a VFFLB foi criada pelo Governo para ficar com o acervo dos franceses,
já sem interesse de mantê-la. Em 1975 foi definitivamente
incorporada pela RFFSA como uma de suas divisões, depois de
ter sido uma das constituintes desta, em 1957. O último trem
de passageiros de longo percurso passou pela linha nos anos 1980,
e hoje (2005) trafegam, no trecho Calçada-Paripe, apenas trens
elétricos metropolitanos, ainda sob a batuta da CBTU. Hoje
todas as linhas baianas que sobram em atividade estão sob a
concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). |
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A ESTAÇÃO: A estação
São Francisco, em Alagoinhas, a cerca de 123
km de Salvador, foi aberta em 1880 ainda com linha em bitola
larga - 1,60m. Isto ocorreu 17 anos depois da abertura da linha pois
foi nesse local, 600 metros antes da estação de Alagoinhas,
que era ponta da linha da Bahia-São Francisco Ry., que
se decidiu colocar a saída dos trilhos para a linha do "Prolongamento",
como era chamada a linha para Juazeiro na época.
Em 1878 a futura estação já estava com as fundações
prontas. Foi construída pelo Estado, e era sua propriedade,
para a linha do Prolongamento, e não pelos ingleses ainda donos
da Bahia-São Francisco nessa ocasião, embora
toda a sua estrutura tenha vindo por navios da Inglaterra. Um contrato
assinado ainda na época de sua construção entre
o Estado e os ingleses fez a regulamentação do seu uso
pelas duas ferrovias. O local era adequado para, com pouco movimento
de terra, locar uma via reta de 400 m, sendo 200 m para cada lado
da estação.
Afinal, da estação de Alagoinhas, então
ponta da linha, não seria mais possível continuar a
estrada para Juazeiro: o adensamento urbano que a implantação
da estação criou em 13 anos impedia que fosse feita
uma estrutura para bifurcação de linhas e saída
de um novo ramal ali sem grandes desapropriações; por
isso a decisão por São Francisco. O nome da nova
estação, aliás, foi decidido por causa de ser
ali "a saída para o rio São Francisco".
Haveria duas plataformas: uma ao lado da linha de bitola larga, já
existente, e outra do outro lado para a saída dos trens de
bitola métrica da linha do Prolongamento.
Em 1888, o meteorito de Bendegó foi trazido da região da estação de Queimados para Alagoinhas para ser pesado e dali seguiu ainda por via ferroviária para a capital baiana, de onde seguiria para o Rio de Janeiro por via marítima. Ficou-me, porém, a dúvida: a pesagem foi feita na estação de Alagoinhas ou na de São Francisco, que, em princípio, teria mais condições de pesagem pelo tipo de pátio que tinha (para isto, recomendo ler a reportagem sobre o meteorito no caixa abaixo, de 1888).
Em 1911, as bitolas foram igualadas (a da Bahia-São Francisco
foi reduzida de larga para métrica) e isso facilitou o transporte
sem necessidade de baldeações de cargas e de passageiros
na estação. A estação foi toda construída
com material importado da Inglaterra e os pilares de sustentação
de ferro que sustentam o teto e a abóbada metálica ainda
possuem a inscrição do fabricante em alto relevo; até
os tijolos foram trazidos da Inglaterra e ostentavam o nome do fabricante
e a data da produção.
Como já dito, a estação é o entroncamento
das linhas que, vindo de Salvador, saem dali
para Sergipe e Juazeiro, na margem do rio São Francisco.
Dependendo do guia de estações, da época e da
fonte, a estação foi chamada tanto de São
Francisco quanto de Alagoinhas. Aliás, até
hoje ainda ostenta uma placa metálica numa das quinas de parede
com o nome Alagoinhas.
Consta que em 1935 a estação foi ampliada a partir de
seu prédio original, já na época da Leste Brasileiro.
Em 1990, com a estação já mostrando grandes sinais
de abandono, o prédio foi tombado como patrimônio histórico
pela prefeitura de Alagoinhas.
Segundo o boletim Centro-Oeste, de Flávio Cavalcanti,
o último trem de passageiros da Bahia, o "Marta Rocha",
que ligava Alagoinhas a Senhor do Bonfim, foi desativado
em 1989, em virtude da forte concorrência rodoviária
e pela precariedade dos serviços oferecidos à população,
com carros superlotados e sem as mínimas condições
de segurança e higiene, aliado às condições
insatisfatórias da via permanente.
Em outubro de 2006, parte do prédio da estação
desabou, levando com ela para o chão toda aquela cobertura
de ferro de mais de 140 anos de idade. Em 2018, estava em ruínas.

ACIMA: Planta da estação de
São Francisco (chamada ali de Alagoinhas). Final dos anos 1870
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1888
AO LADO: Em 22 de maio, o meteorito de Bandegó havia chegado em Salvador. Ele havia sido embarcado no trem em Queimados e depois foi pesado em Alagoinhas (fica aqui a dúvida: na estação de São Frnacisco, chamada por muito tempo de estação de Alagoinhas ou na de Alagoinhas, mesmo, ali perto, mas no ramal para Sergipe? Seguiu depois para a estação de Calçada, em Salvador, para dali ser despachado de navio para o Rio de Janeiro, onde está até os dias de hoje, lembrando também que em 1888 não havia ligação ferroviária da Bahia com a capital brasileira - CLIQUE SOBRE O ARTIGO PARA VÊ-LO NA ÍNTEGRA) (A Provincia de S. Paulo,
3/6/1888) |

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1897
AO LADO: A cidade de Alagoinhas em
1897. Supõe-se que o trem, indo no sentido Juazeiro,
tenha parado na estação de São Francisco,
fora da cidade, e não na central de Alagoinhas, no
ramal para Sergipe (Diario de uma expedição,
Alagoinhas, 31 de agosto (de 1897), O Estado de S. Paulo,
12/9/1897 - Euclides da Cunha). |

ACIMA: A estação de São
Francisco por volta de 1900 (Acervo Arquivo Público
Mineiro).

ACIMA: Estação de São Francisco, provavelmente anos 1980 (Autor desconhecido).

ACIMA: Outra foto da estação de São Francisco, provavelmente anos 1980 (Autor desconhecido).
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TRENS
- De acordo com os guias de horários, os trens de
passageiros pararam nesta estação de 1880 a 1989.
Alguns horários registrados: (1948) 9:22 e 21:27 de Salvador;
4:02 e 12:00 para Salvador; 9:37 e 12:17 para Juazeiro; 18:11
e 11:20 de Juazeiro; 21:28 para Propriá e 18:26 de Propriá |
(Fontes:
Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Alexandre Santurian; Fabio Teixeira;
Daniel Gentili; Arquivo Público Mineiro; Carlos Cornejo e João
E. Gerodetti: As ferrovias do Brasil, 2005; Etelvina Rebouças
Fernandes: Do Mar da Bahia ao Rio do Sertão, Secretaria de
Cultura e Turismo de Salvador, 2005; Euclides
da Cunha: Diario de uma expedição,
Alagoinhas, 31 de agosto (de 1897), O Estado de S. Paulo, 1897; Cyro
Deocleciano R. Pessoa Jr: Estradas de Ferro do Brazil, 1886; Guia
Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Guias Levi, edições
de 1932 a 1984; Mapa: acervo R. M. Giesbrecht) |
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Na deserta estação de São Francisco, no
século 19, o trem está chegando. Foto de arquivo |

A estação em 1906. Foto do Livro As ferrovias
do Brasil, 2005, de Carlos Cornejo e João E. Gerodetti |

A estação em 1912. Autor desconhecido
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Trem de combustível da RFFSA passa pela estação
de São Francisco para chegar a Petrolina, em 1991. Foto
Alexandre Santurian
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Estação de São Francisco, em 22/01/2005.
Foto Ralph M. Giesbrecht |

Estação de São Francisco, em 22/01/2005.
Foto Ralph M. Giesbrecht |

A estação em 1989. Autor desconhecido |

Estação de São Francisco, em 22/01/2005.
Foto Ralph M. Giesbrecht |

Placa da estação de São Francisco, com
o nome Alagoinhas, em 22/01/2005. Foto Ralph M. Giesbrecht |

Estação de São Francisco, em 22/01/2005.
Foto Ralph M. Giesbrecht |

Estação de São Francisco, em 22/01/2005.
Foto Ralph M. Giesbrecht |

Estação de São Francisco, em 22/01/2005.
Foto Ralph M. Giesbrecht |

Estação de São Francisco, em 22/01/2005.
Foto Ralph M. Giesbrecht |

Estação de São Francisco, em 22/01/2005.
Foto Ralph M. Giesbrecht |

A estação com uma parte já desabada, em
03/2007. Foto Fabio Teixeira |

A estação com uma parte já desabada, em
03/2007. Foto Fabio Teixeira |

A estação com uma parte já desabada, em
03/2007. Foto Fabio Teixeira |

Parte da estação em 2018. Foto Sydney Corrêa |
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Atualização:
16.02.2021
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