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Engenheiro Gualberto
Carlos de Campos
Vila Matilde
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Saída para o ramal da
Penha: Penha
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ram. S. Paulo EFCB-1950
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ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2011
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E. F. Central do
Brasil (1894-1975)
RFFSA (1975-1983)
CBTU (1983-1992)
CPTM (1992-2000) |
CARLOS
DE CAMPOS
(antiga GUAIAÚNA)
Município de São Paulo, SP |
Ramal de São Paulo - km
491,403 |
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SP-1125 |
Altitude: 735 m |
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Inauguração: 02.08.1894 |
Uso atual: demolida nos anos 1960 |
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com trilhos |
Data de construção do
prédio atual: c.1964 (já demolido) |
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HISTORICO DA LINHA: Em
1869, foi constituída por fazendeiros do Vale do Paraíba a E. F. do
Norte (ou E. F. São Paulo-Rio), que abriu o primeiro trecho, saindo
da linha da SPR no Brás, em São Paulo, e chegando até a Penha. Em
12/05/1877, chegou a Cachoeira (Paulista), onde, com bitola métrica,
encontrou-se com a E. F. Dom Pedro II, que vinha do Rio de Janeiro
e pertencia ao Governo Imperial, constituída em 1855 e com o ramal,
que saía do tronco em Barra do Piraí, Província do Rio, atingindo
Cachoeira no terminal navegável dois anos antes e com bitola larga
(1,60m). A inauguração oficial do encontro entre as duas ferrovias
se deu em 8/7/1877, com festas. As cidades da linha se desenvolveram,
e as que eram prósperas e ficaram fora dela viraram as "Cidades Mortas"...
O custo da baldeação em Cachoeira era alto, onerando os fretes e foi
uma das causas da decadência da produção de café no Vale do Paraíba.
Em 1889, com a queda do Império, a E. F. D. Pedro II passou a se chamar
E. F. Central do Brasil, que, em 1892, incorporou a já falida
E. F. do Norte, com o propósito de alargar a bitola e unificar as
2 linhas. O primeiro trecho ficou pronto em 1901 (Cachoeira-Taubaté)
e o trecho todo em 1908. Em 1957 a Central foi incorporada pela RFFSA.
O trecho entre Mogi e São José dos Campos foi abandonado no fim dos
anos 1980, pois a construção da variante do Parateí, mais ao norte,
foi aos poucos provando ser mais eficiente. Em 31 de outubro de 1998,
o transporte de passageiros entre o Rio e São Paulo foi desativado,
com o fim do Trem de Prata, mesmo ano em que a MRS passou a ser a
concessionária da linha. O transporte de subúrbios, existente desde
1914 no ramal, continua hoje entre o Brás e Estudantes, em Mogi e
no trecho D. Pedro II-Japeri, no RJ. |
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A ESTAÇÃO: A estação,
aberta como Guayauna, "Caranguejo Negro", na antiga língua
guarani, em 1894, foi descrita como "pequena e elegante" em
1928, no livro de Max Vasconcellos em seu livro A Estrada
de Ferro Central do Brasil.
O ramal da Penha havia sido inaugurado em 1886, saindo de um
ponto a 7,7 km da estação do Norte (Roosevelt),
exatamente no ponto onde, em 1894, portanto oito anos mais tarde,
seria construída a estação de Guaiaúna
- mais tarde renomeada como Carlos de Campos.
É sabido com base em documentação
da época que, a cerca de 300 metros à frente da saída
do ramal, existia uma paradinha, cujo nome teria sido Parada Amândio,
ou Parada Armando, que era um barraco de madeira que, com a
abertura do ramal, foi removida de onde estava e recolocada no final
do ramal da Penha, dando origem à estação
da Penha.
A estação de Guaiaúna, portanto, seria
praticamente a continuação da vida dessa paradinha
esquecida pela história, com um intervalo de oito anos.
Em 1924, junto à sua plataforma esteve encostada por dias uma
composição de trem que era tanto a sede do Governo Estadual como o
quartel-general das forças legalistas em operação, durante a revolução
de julho de 1924, sob Carlos de Campos, então Presidente
do Estado.
Em 18/11/1933, a estação ganhou o seu nome, pois Carlos
morreu durante o mandato, em abril de 1927 (porém, o jornal
Folha da Manhã de 16/6/1928, portanto quatro anos antes de
1933, já usava o nome).
O histórico prédio da estação que serviu
como sede de Governo foi demolido mais tarde, por volta de 1964 -
nesse ano, notícias dão conta de que ela estava "em
obras" - e o novo prédio foi também remodelado
por volta de 1988, segundo W. Gimenez. A data da demolição
da estação e sua substituição pela nova,
no entanto, ainda é um mistério.
Até os anos 1950, aproximadamente, saía desta estação
um pequeno ramal, o ramal da Penha, que acompanhava as atuais
ruas Irapucara e General Sócrates, e terminava
na esquina desta rua com a rua Coronel Rodovalho, onde ficava
situada a estação Penha, hoje já demolida.
O ramal serviria como transporte de romeiros para a igreja e existia
desde o final do século XIX. O transporte regular de passageiros
deste ramal durou até aproximadamente 1910.
Carlos de Campos, como
toda estação de subúrbios da Central, também
teve seu dia de pânico e de depredação, em 1977
(leia no link), como relatou o jornal Folha de S. Paulo
de 30 de março desse ano. E não foi o primeiro: em
dezembro de 1948, a estação havia sido incendiada em
outro desastre de subúrbios (leia neste link).
Em 26/05/2000, foi finalmente desativada, com a inauguração
do trem expresso da CPTM. Ficava junto à estação Penha do metrô.
Em 28/09/2000, passei por ali com o trem expresso, e vi a plataforma
sendo desmontada, e a cobertura já não tinha telhas.
"Moro a algumas centenas de metros da linha F (antiga
Central), na Penha. Vejo todo dia a estação Carlos de Campos, com
a distância do Rio, da estação Roosevelt, a latitude e a longitude
inscritas nela. Naquele local saía um ramalzinho que ligava
a linha principal ao centro da Penha. Quando era moleque ainda dava
para se ver os trilhos dentro de um terreno particular. Em uma das
casas desse terreno há uma inscrição: "M.A. 1938", dizia meu avô que
significava "Ministério da Agricultura" pois ali eram inspecionados
os vagões que levavam gado. Não sei se isso procede. Em uma rua mais
a frente temos um muro de arrimo feito em pedras, cortando um morro.
Sinais da passagem do trem" (Paulo Gimenez Gonçalves,
04/2003).
“Inicialmente parabéns pela magnífica descoberta do posto de Ministério da Agricultura, casa que era do médico residente no ramal da estação de Guaiaúna, depois Carlos de Campos.Este ramal também era chamado de “ramal da fumigação”, ele saía da estação de Guaiaúna no sentido da estrada de rodagem São Paulo-Rio (hoje Estrada de São Miguel). No ramal eram lavados e higienizados os vagões de transporte de gado que vinham pela Central pelo Vale do Paraíba, que após deixarem suas cargas nos abatedouros da cidade de São Paulo, retornavam para as linha da Central. Porém, antes desse retorno ao vale eles deveriam ser limpos das fezes e dejetos do gado transportado.
A limpeza consistia na lavagem dos vagões e após essa operação recebiam uma lavagem de calda bordaza (cal e água); em todas as fotos de vagões de gado, essa operação está presente, onde os vagões apareciam salpicados de branco. No final da operação, o médico sanitarista do serviço de inspeção federal atestava que o vagão estava apto a ser reutilizado, sendo só então enviado para as linhas da Central. Quando da inauguração da via Dutra em 1952, o transporte de gado já não era mais feito na Central, pois diversos frigoríficos, como o de Cruzeiro, já abatiam o gado e enviavam para os centros consumidores. Não acredito, porém, que os campos da Penha tinham tanto gado para ser embarcados pelo ramal. O ramal era usado mesmo era apenas para a higienização dos vagões da Central, pois tal ramal era o melhor local para essa operação (Sergio Martire, 2/5/2012)”.
A cobertura de concreto da plataforma, que até junho de 2008
ainda existia, foi demolida logo depois. As plataformas foram retiradas
em 21 de abril de 2017, com retroescavadeiras - veja fotos abaixo.
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1916
AO LADO: Acabaram-se os trens para o ramal da Penha e
a estação de Guayauna passava a ter problemas
(O Estado de S. Paulo, 16/8/1916).
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1917
AO LADO: A estação não tinha luz
elétrica (O Estado de S. Paulo, 19/1/1917)
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1920
AO LADO: Atropelamento e morte na estação(O Estado de S. Paulo, 5/6/1920) |
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ACIMA: Na revolução de 1924,
"em Guayauna, vanguarda das tropas legaes, ao partir o trem especial
da administração da E. F. Central do Brasil para a Estação
do Norte" (O Malho, 9/8/1924).
"Cinco de julho de 1924 foi um sábado.
(...) Quem tentou tomar o trem às 8h30 na mesma estação
(Luz) descobriu que não havia trens e que a estação
estava ocupada por uma tropa da Força Pública
comandada por um sujeito magrela, um tal de João Cabanas.
(...) Poucos dias depois, o governador Carlos de Campos abandonava
o Palácio dos Campos Elísios para se refugiar
na estação de Guaiaúna, na Penha, sob
tutela das forças legais do Exército. O ministro
da Guerra e os generais mandaram bombardear a cidade para
desalojar os revoltosos. (...)"
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1924
AO LADO: José de Souza Martins, A Revolução
de 1924, O Estado de S. Paulo, 6/7/2009).
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ACIMA: Na plataforma da estação
durante a revolução de 1924, o Estado-Maior das tropas
legalistas (A Cigarra, julho de 1924).
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1925
AO LADO: O posto de desinfecção na estação
(O Estado de S. Paulo, 30/1/1925).
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ACIMA: Tem bate em caminhão junto
à estação (O Estado de S. Paulo, 8/3/1927).
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1931
AO LADO: Acidente na estação
(O Estado de S. Paulo, 15/11/1931). |
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1932
AO LADO: Acidente na estação - aqui, já chamada de Carlos de Campos
(O Estado de S. Paulo, 10/6/1932). |
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1932
AO LADO: Acidente na estação - aqui, ainda chamada de Guaiaúna
(O Estado de S. Paulo, 27/12/1932). |
ACIMA: Era lançado mais um loteamento operário
em São Paulo, a Vila Nova Manchester, tendo como atrativo de
transportes a estação de Carlos de Campos - que nem
era tão perto assim (aliás, nem no mapa aparece, mas
que estava mais ou menos entre as ruas Julio Colaço e Soares
Neiva). CLIQUE SOBRE A FIGURA PARA VÊ-LA EM TAMANHO MAIOR
(O Estado de S. Paulo, 5/3/1939).

ACIMA: A estação, com o nome
de Carlos de Campos, aparece nesta fotografia (talvez dos anos 1940)
com o nome já no dístico, ao invés de Guaiaúna,
seu nome original (ver fotografia de 1924 ao pé da página).
Carros de madeira de um trem da Central estão encostados em
sua plataforma. Ao fundo, a Fábrica de Papel Santa Teresinha
com sua chaminé (Maria da Penha Marinovic Doro: Vila Nova Savoia,
série História dos Bairros de São Paulo, vol.
28, São Paulo, 2006. Crédito dado a Azevedo (1945:94)).

ACIMA: Reportagem publicada em fevereiro de 1941 pela Revista
Ferroviaria mostra a substituição do sinal mecânico
sendo substituído pelo elétrico (Revista Ferroviária,
2/1941).

ACIMA: Em 1977, atraso de trens gera tumulto na estação (Diario Popular, 30/3/1977).

ACIMA: Um dos últimos trens a parar na estação de Carlos de Campos, em 2000 (Foto André Aquino).

ACIMA: Antigo pátio da estação de Carlos
de Campos, em São Paulo,em foto de 2011. Atualmente, ali passam os
trens da linha 11-Coral, da CPTM, sem parar, e a foto mostra um raro
cruzamento nesse antigo pátio (Foto Carlos Roberto Almeida).

ACIMA e ABAIXO: As antigas plataformas sendo retiradas em 21
de abril de 2017 (Fotos Luis Fernando da Silva).

(Fontes: Ralph Giesbrecht, pesquisa local;
Luis Fernando da Silva; Paulo Gimenez Gonçalves; W. Gimenez;
Carlos Roberto de Almeida; Rodrigo Moreira; Rafael Asquini; Azevedo,
1945:94; Revista Ferroviária, 1941; O Estado de S. Paulo, 1916,
1939, 1/1/1964 e 2009; Folha de S. Paulo, 1977; Maria da Penha Marinovic
Doro: Vila Nova Savoia, série História dos Bairros de
São Paulo, vol. 28, São Paulo, 2006; O Malho,
1924; Max Vasconcellos: Vias Brasileiras de Communicação,
1928; Revista da Semana, julho de 1924; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
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Comando das tropas do Governo, em julho de 1924, durante a revolução.
O prédio da então estação de Guayauna,
visto à esquerda, era a sede do governo estadual. Nota-se
a bonita construção. |

Ainda os comandantes na plataforma de Guayauna. As duas fotos
são da Revista da Semana, de 09/08/1924 |

A estação já de prédio novo. Foto Elias Pereira, provavelmente anos 1980 |

A estação já de prédio novo. Foto Elias Pereira, provavelmente anos 1980 |

A estação, no dia seguinte à sua desativação
(28/05/2000). Foto Ralph M. Giesbrecht, tirada da passarela
da estação Penha do metrô, do qual se vê
o prédio à esquerda |

A estação desativada, em 2008. Foto Rafael Asquini |

A estação já com a cobertura da plataforma
demolida, em 12/2008. Foto Rodrigo Moreira |
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Atualização:
28.04.2020
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