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VXY Mogiana em MG
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Brotas
Espraiado
Canela
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Tronco oeste CP-1970
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ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: SIM
ÚLTIMA VEZ: 2008
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Cia. Paulista de Estradas de Ferro (1931-1971)
FEPASA (1971-1998)
ESPRAIADO
Município de Brotas, SP
Linha-tronco oeste - km 211,879 (1938)   SP-0357
Altitude: 654,500 m   Inauguração: 04.1931
Uso atual: abandonada (2016)   com trilhos
Data de construção do prédio atual: 1931
 
 
HISTORICO DA LINHA: O chamado tronco oeste da Paulista, um enorme ramal que parte de Itirapina até o rio Paraná, foi constituído em 1941 a partir da retificação das linhas de três ramais já existentes: os ramais de Jaú (originalmente construído pela Cia. Rio-clarense e depois por pouco tempo de propriedade da Rio Claro Railway, comprada pela Paulista em 1892), de Agudos e de Bauru. A partir desse ano, a linha, que chegava somente até Tupã, foi prolongada progressivamente até Panorama, na beira do rio Paraná, onde chegou em 1962. A substituição da bitola métrica pela larga também foi feita progressivamente, bem como a eletrificação da linha, que alcançou seu ponto máximo em 1952, em Cabrália Paulista. Em 1976, já com a linha sob administração da FEPASA, o trecho entre Bauru e Garça que passava pelo sul da serra das Esmeraldas, foi retificado, suprimindo-se uma série de estações e deixando-se a eletrificação até Bauru somente. Trens de passageiros, a partir de novembro de 1998 operados pela Ferroban, seguiram trafegando pela linha precariamente até 15 de março de 2001, quando foram suprimidos.
 
A ESTAÇÃO: A estação de Espraiado, aberta em 1896, foi substituída pela atual, em 1931, durante a retificação da linha. Esta estação foi construída sobre um enorme aterro, até hoje conhecido por ter sido uma obra monumental para a época.

Fica à margem esquerda da estrada que liga o centro de Brotas a Torrinha. Um senhor - "Zé Portador", ex-funcionário da Paulista - ali morava e cuidava da estação, mantendo-a e impedindo que ela fosse saqueada e destruída, com a ajuda de seus cachorros. Segundo ele conta, com lágrimas correndo, ele presenciou a construção da estação, em 1931, bem como da subestação, ali perto.

"Lembro-me de que algumas vezes, nessa estação, os maquinistas paravam o trem para pegar laranjas. O cara que morava aí já deixava ensacado e quando ouvia o apito ia até a plataforma entregar a laranja. Fora os cachorros que sempre corriam atrás dos trens. Boas lembranças" (Hugo Yamamura, 14/10/2015).

Em 18/2/2007, visitei a estação outra vez. O prédio estava quase em ruínas. Zé Portador saíra de lá havia cerca de 4-5 anos. Duas famílias moravam então na antiga casa do chefe, ao lado da estação. Eles contaram que depois que ele saiu, tudo foi abandonado. As janelas, portas e até o piso de madeira foram saqueados. Toda aberta, a velha estação estava totalmente vulnerável. O armazém, fechado e ao seu lado, ainda estava razoável. A casa do chefe, em bom estado. A cabine de comando foi também saqueada. Não havia mais nada além do que descrevi ali. As 4-5 casas que existiam além da do chefe foram demolidas. A segunda linha, debaixo de mato, impedia que ali fossem feitos cruzamentos de trens. Os postes de eletrificação, de remoção muito difícil devido à profundidade em que suas bases estavam enterradas, permaneciam ali ao longo da linha, como um monumento à incompetência de quem acabou com a eletrificação na linha.

O senhor que morava com a família afirmava que estava tentando a compra do terreno e das casas (estação, armazém, cabine de controle e casa do chefe). Enquanto conversávamos na plataforma junto à estação, chegou um auto de linha com um reboque, vazio. O auto ainda mantinha a inscrição e pintura da FEPASA, desaparecida já havia 9 anos. Os dois ocupantes, que seguiam para Itirapina, diziam que eram da empresa que fazia a manutenção do trecho entre Itirapina e Ave Maria, para a ALL, então concessionária do trecho. Pararam ali para bater papo, mesmo. Afirmavam que no trecho podiam correr até a 120 km/hora, mas mantinham uma média de 80 e em alguns pontos, muito menos, devido às condições da linha, passagem por vilas, etc. Ficaram um pouco ali e partiram. A cerca de 200 metros, mais afastado, no sentido sul, a velha subestação, depredada, e a ruína de algumas pequenas casas ferroviárias. Desta vez não tirei fotografias. Não estava com a máquina, mas, diante do que vi, nem tive vontade.

Veja pelo link a descrição de um desastre ocorrido na entrada do pátio de Espraiado no ano de 1946 e publicado no jornal Folha da Manhã de 9/12/1948.


(Veja também ESPRAIADO-VELHA)

CLIQUE AQUI PARA VISUALIZAR A ESTAÇÃO VISTA DO SATELITE
(gentileza Antonio Carlos Mussio)

1897
AO LADO: Autorização de abertura da estação nova de Espraiado (O Estado de S. Paulo, 24/6/1897).

1931
AO LADO: Autorização de abertura da estação nova de Espraiado (O Estado de S. Paulo,10/4/1931).

ACIMA: O armazém, a estação e a locomotiva Jaburu, por volta de 1934. A linha ainda era métrica, não havia eletrificação. Tudo arrumadinho e limpinho. Outros tempos (Acervo Ralph M. Giesbrecht). ABAIXO: Os tempos mudaram. O armazém e a estação ganharam a companhia da cabine de controle, ao funso. Os trilhos, há muito tempo em bitola larga, tiveram seu apogeu e vêem agora a decadência. Da eletrificação que veio em 1941, só restaram alguns postes, vistos ao longe, de metal. O mato e o abandono tomam conta de tudo (Foto Stenio Gimenez, outubro de 2006).

ACIMA: Desastre com mortos em Espraiado em 1946 - CLIQUE SOBRE A FIGURA PARA VER TODA A NOTÍCIA (O Estado de S. Paulo, 5/11/1946).

ABAIXO: A V-8 da Fepasa chega a Espraiado em 17 de junho de 1979 trazendo passageiros, algo que soa até estranho para as linhas paulistas hoje em dia. A eletrificação funcionava (e funcionaria pois mais vinte anos ainda) e a estação estava inteira e o pátio, limpo, ao contrário das ruínas e sujeira de hoje. Sim, os bons tempos existiram um dia (Foto Andreas José de A. Schmidt).

ACIMA: Troca de turma em Espraiado, ainda no tempo da FEPASA, provavelmente anos 1990. (Foto Newton Juliato).

ACIMA: O pátio de Espraiado em 12/10/2015. ABAIXO: Antiga casa do chefe da estação, na mesma data (Fotos Leandro Guidini).

(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Leandro Guidini; Hugo Yamamura; Andreas José de A. Schmidt; Newton Juliato; Stenio Gimenez; O Estado de S. Paulo, 1946; Folha da Manhã, 1948)
     

A estação, com a locomotiva Jibóia ainda na bitola métrica, c. 1936. Acervo Ralph M. Giesbrecht

Em 15/04/1998, a estação protegida pelo morador. Foto Ralph M. Giesbrecht

Vista da estação ao longe (15/04/1998). Foto Ralph M. Giesbrecht

O armazém de Espraiado (15/04/1998). Foto Ralph M. Giesbrecht

A estação, largada e "selada" com tijolos, em 12/10/2015. Foto Leandro Guidini

A estação em 25/06/2020. Foto Cido Soares
     
Atualização: 26.11.2020
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.