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E. F. Central do
Brasil (1917-1975)
RFFSA (1975-1996) |
ARROJADO
LISBOA
Município de Belo Vale, MG |
Linha do Paraopeba - km 515,274
(1928) |
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MG-1221 |
Altitude: 820 m |
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Inauguração: 20.06.1917 |
Uso atual: abandonada (2018) |
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com trilhos |
Data de construção do
prédio atual: 1917 |
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HISTORICO DA LINHA: A
linha do Paraopeba, assim chamada porque durante boa parte de sua
extensão acompanha o rio do mesmo nome, foi construída
em bitola larga, provavelmente para aliviar o tráfego de trens
entre o Rio de Janeiro e Belo Horizonte que até sua abertura
tinha de passar pela zona de mineração da Linha do Centro,
até General Carneiro, onde saía a linha para a capital
mineira. Além disso, até então havia baldeação
para bitola métrica em Burnier, o que dificultava as operações
principalmente dos trens de passageiros entre as duas capitais. A
linha do Paraopeba, saindo da estação de Joaquim Murtinho,
foi aberta até a estação de João Ribeiro
em 1914 e até Belo Horizonte em 1917. Dali a General Carneiro
foi mantida a bitola de métrica no trecho já existente.
Com isso se estabelecia a ligação direta sem baldeações
entre o Rio e Belo Horizonte. O trem de passageiros trafegou por ali
até 1979, quando, depois de uma ou duas tentativas rápidas
de reativação, foi extinto. O movimento de cargueiros
continua intenso até hoje, com a concessionária MRS,
até a estação do Barreiro, próxima a BH,
e depois com a FCA até General Carneiro, agora sim com bitola
mista, métrica e larga. |
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A ESTAÇÃO: A estação
de Arrojado Lisboa foi inaugurada em 1917. Seu nome homenageia
um diretor da Central do Brasil, Miguel Arrojado Lisboa, na
época da inauguração da estação.
"Era uma estação pouco utilizada. Atendia ocasionalmente
uma mineração de ferro da região e aos fazendeiros das proximidades,
inclusive um meu tio, que era proprietário da casa grande que se vê
ao lado da linha, ao fundo da estação. Atualmente encontra-se em ruinas.
As portas e janelas foram retiradas e o telhado está caindo.
A foto (abaixo), de 1960, onde aparece uma grande casa de fazenda,
ao fundo da estação, foi de um tio meu. Passei muitas férias lá quando
era garoto. Esperávamos os trens, quando o chefe da estação anunciava
a chegada. Uma batida no sino anunciava um trem que vinha em
sentido BH-Rio e duas, quando era em sentido contrario. A meninada
vinha doida, de onde estivesse, correndo para a estação pra ver o
trem. O trem quase nunca parava ali naquela pequena estação e o agente,
no telegrafo, recebia as ordens e emitia uma autorização para o trem
seguir, mas tinha que entregar ao maquinista, sem que o trem parasse.
Assim, imprimia a ordem e enrolava o papel, colocava em um arco de
taquara, de mais ou menos 60 cm de diâmetro e pendurava em uma engenhoca
na plataforma. Algo como uma pinça de metal que se abria ao menor
contato. O maquinista, com um braço fora da janela da maquina, enfiava
a mão pelo arco e assim recebia a ordem de prosseguir. Retirava a
ordem e jogava o arco ao lado da estrada. A alegria da molecada era
correr para pegar o arco depois da passagem do trem" (Henrique
Nelson Castro, 2004, Belo Horizonte, MG).
"Lugar muito bonito, bucólico, somente duas casas ao lado
da Estação que, lamentavelmente, permanece no estado de penúria, completamente
depredada e saqueada, não ruiu totalmente ainda por algum milagre.
O casarão ao fundo (da foto abaixo de 1960) foi todo reformado, bem
como teve o tamanho muito reduzido, possivelmente trabalho de um restaurador
contratado pela família proprietária. Na parte de cima, que mostra
um carregamento de minério, passa a estradinha que percorremos. Bem
em frente à estação, ainda na parte de cima, uma outra residência,
esta de construção atual. As duas são as únicas açi existentes
e, curiosamente, não fomos abordados nem por cachorros e nem por crianças
curiosas com a nossa presença. Tambem constatamos que, apesar de demonstrarem
uma visível condição financeira, os donos de ambas as casas jamais
devem ter pensado em gastar um pouco de dinheiro na restauração da
estação. Verdadeiramente, uma pena. O muro de pedra que no passado
suportava o carregamento de minério ainda está lá, intacto. O desvio
da linha, hoje utilizado pela MRS, o é de forma casual e está em estado
muito ruim, num enorme contraste com a linha principal, esta muito
bem conservada. Hoje os trens da MRS passam por Arrojado Lisboa, na
mais completa indiferença" (Gutierrez L. Coelho, 2/11/2008).
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1920
AO LADO: Notícia de elevação
da parada a estação em 1920. Ainda era uma notícia
de importância. Já hoje... (A Noite, 19/5/1920).
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1927
AO LADO: Queda de barreira na estação
(O Estado de S. Paulo, 16/1/1927).
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1939
AO LADO: Descarrilamento de carro de
gado próximo à estação (O Estado
de S. Paulo, 3/3/1939).
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1940
AO LADO: Descarrilamento de carro de
gado próximo à estação (O Estado
de S. Paulo, 8/5/1940). |
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ACIMA:
Um curral ao lado da linha na estação de Arrojado Lisboa
(Autor e data desconhecidos).
ACIMA:
O pátio meio fantasmagórico da antiga estação
de Arrojado Lisboa em 2 de novembro de 2008, jogado às
traças (Foto Gutierrez L. Coelho, 2008).
(Fontes: Henrique Nelson Castro; Gutierrez L. Coelho; O Estado
de S. Paulo, 1939; A Noite, 1920; Guia Geral das Estradas de Ferro
do Brasil, 1960; Guia Levi, 1932-80; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
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A estação nos anos 1960. Acervo Henrique Nelson
Castro |
A estação, ainda inteira, provavelmente anos 1990.
Autor desconhecido |
A estação totalmente depredada em 10/2003. Foto
Henrique N. P. Castro |
A estação totalmente depredada em 10/2003. Foto
Henrique N. P. Castro |
A estação totalmente depredada em 10/2003. Foto
Henrique N. P. Castro |
A estação em pior estado ainda, 5 anos depois,
em 2/11/2008. Foto Gutierrez L. Coelho |
A estação em 8/10/2018. Foto Edson R. Ferreira |
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Atualização:
15.10.2018
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