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VXY Mogiana em MG
Indice de estações
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Santa Ifigênia
Parada do Cardoso
Horto Florestal
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ESTIVE NO LOCAL: NÃO
ESTIVE NA ESTAÇÃO: NÃO
ÚLTIMA VEZ: S/D
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Linha do Paraopeba - 1931
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E. F. Central do Brasil (c.1910/32-1950/60)
PARADA DO CARDOSO
Município de Belo Horizonte, MG
Ramal de Belo Horizonte - km 644,757 (1960)   MG-3813
Altitude: -   Inauguração: 1910 ou 1932
Uso atual: demolida   com trilhos
Data de construção do prédio atual: n/d (já demolido)
 
 
HISTORICO DA LINHA: A linha do Paraopeba, assim chamada porque durante boa parte de sua extensão acompanha o rio do mesmo nome, foi construída em bitola larga, provavelmente para aliviar o tráfego de trens entre o Rio de Janeiro e Belo Horizonte que até sua abertura tinha de passar pela zona de mineração da Linha do Centro, até General Carneiro, onde saía a linha para a capital mineira. Além disso, até então havia baldeação para bitola métrica em Burnier, o que dificultava as operações principalmente dos trens de passageiros entre as duas capitais. A linha do Paraopeba, saindo da estação de Joaquim Murtinho, foi aberta até a estação de João Ribeiro em 1914 e até Belo Horizonte em 1917. Dali a General Carneiro foi mantida a bitola de métrica no trecho já existente. Com isso se estabelecia a ligação direta sem baldeações entre o Rio e Belo Horizonte. O trem de passageiros trafegou por ali até 1979, quando, depois de uma ou duas tentativas rápidas de reativação, foi extinto. O movimento de cargueiros continua intenso até hoje, com a concessionária MRS, até a estação do Barreiro, próxima a BH, e depois com a FCA até General Carneiro, agora sim com bitola mista, métrica e larga.
 
A ESTAÇÃO: A estação de Santa Ifigênia, próxima à Parada do Cardoso, também se chamou Cardoso na sua abertura em 1895, mudando o nome depois para Arrudas e finalmente para o de Santa Ifigênia.

A parada do Cardoso da qual aqui falamos surgiu mais tarde em outro local, entre essa estação e a do Horto: "Os antigos moradores de Santa Tereza ainda se lembram da Parada do Cardoso, instalada possivelmente na década de 1910, situada no final das ruas Dores do Indaiá e Alvinópolis, no encontro com a rua Conselheiro Rocha. Chegou a embarcar 300 pessoas por dia. Foi desativada nos anos 1950. O motivo alegado pela Central do Brasil foi a falta de passageiros para os trens do subúrbio, em função do aumento do tráfego de bondes, ônibus e lotações. A parada dos trens do subúrbio deu nome à região e era muito utilizada pelos moradores da comunidade. A estação tinha uma pequena plataforma e uma cobertura com telhas para proteger os usuários do sol ou da chuva. Na Parada do Cardoso embarcava-se nos trens do subúrbio para o centro da cidade, Bairro Industrial, Barreiro, Betim e outras regiões. Embarcava-se também para Marzagão, Borges, General Carneiro, Roças Grandes, Sabará, Caeté e outras localidades. Para o lazer ou por motivos religiosos. A Parada do Cardoso recebia também passageiros destinados ao Hospital Cícero Ferreira. Era a maneira mais fácil de chegar ao hospital, para quem morava no interior. A suspensão da escala do subúrbio foi em junho de 1950. Com a desativação da Parada do Cardoso, os passageiros tiveram de se deslocar para a estação do Horto. Houve revolta dos usuários. No resgate da memória histórica desse local, André Luiz Carvalho criou o Bar & Café Parada do Cardoso, na rua Dores do Indaiá, 409, bem em frente onde era a pequena estação de trens. Além de cultuar a história de nossa comunidade, porque sua família é antiga na região, André decorou a fachada e o interior do bar com cadeiras, mesas e iluminação lembrando a Parada do Cardoso. O cardápio é variado, com destaque para uma pizza, especialidade da casa. O local é aconchegante. Estacionamento na sombra e pouco trânsito de veículos, para tranqüilidade das crianças e de seus pais. O bar Parada do Cardoso tem sido requisitado para aniversários e outras comemorações. O restaurante é muito interessante e deve ser conhecido pelos moradores de nossa região" (do livro "Bairro de Santa Tereza", de Luiz Góes, sem data).

O Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, de 1960, foi outra fonte, além do livro de Luiz Góes e de um mapa da cidade datado de 1937, em que consegui encontrar a parada (dando para ela quilometragem 601,522, correspondente não à linha do Paraopeba, mas à linha do Centro - acima, simplesmente adaptei as distâncias para a linha do Paraopeba). Entretanto, de acordo com Góes, nesse ano a estação já estaria desativada fazia 10 anos. Ou Góes estaria equivocado, ou a Central ainda apresentava em suas relações oficiais de estações a parada, mesmo desativada.

Outra coisa: no Guia, a estação tem como data de abertura o dia 2/12/1932 e não os anos 1910. Quem estaria correto? Fora o fato de que a estação de Santa Ifigênia, antes chamada de Arrudas e aberta em 1895 como uma parada com o nome de Cardoso, tinha o mesmo nome desta parada, como podemos notar. Esta constatação está na obra de Abílio Barreto, de 1936, referente à fundação de Belo Horizonte e ele mesmo comprova que o nome dessa parada de 1895 mudou para Arrudas. Hoje o trecho em que ela esteve tem bitola mista para ligar a estação de Belo Horizonte à do Horto Florestal e a linha do Demetrô corre junto a ela.

ACIMA: Localização da Parada do Cardoso (centro, no mapa), em 1936, entre as estações de Santa Ifigênia e do Horto Florestal (Mapa de Belo Horizonte, 1936 - cortesia Alexandre Gurgel Martins).

(Fontes: Alexandre Gurgel Martins; Max Vasconcellos: Vias Brasileiras de Comunicação, 1928; Luiz Góes: Bairro de Santa Tereza, sem data; Abílio Barreto: Belo Horizonte, Memória Histórica e Descritiva - História Média, 2a edição revista, 1996; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Guias Levi, 1909-81)
     

A parada, foto sem data. Do livro Bairro de Santa Tereza, de Luiz Góes, sem data
   
     
     
Atualização: 06.12.2018
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.