A ESTAÇÃO: A estação de Juiz
de Fora da Leopoldina foi inaugurada em 1884 pela Cia. E. F.
Juiz de Fora ao Piau, passando em 1888 para o controle da E. F.
Leopoldina. No mesmo ano, passou a fazer parte do ramal de Juiz
de Fora. Ficava em frente, do outro lado da linha, à
estação de Juiz de Fora da Central do Brasil,
na Linha do Centro.
O prédio primitivo era simples, com telhado de duas águas
e térreo. Somente em 09/06/2029 foi substituído pelo
prédio atual, com dois andares e bem maior - de acordo com placa de bronze afixada em suas paredes (ver fotos ao pé da página). Este autor não encontrou evidências sobre quando esta estação primitiva foi construída: se em 1883/4 ou se a Leopoldina e a E. F. do Piau utilizavam inicialmente as dependências da estação da Central do Brasil, que estava lá desde 1875 e somente mais tarde foi construída (do outro lado da linha em relação ao do prédio da da Central).
A estação foi fechada com o ramal, em 1972. Somente
anos depois tornou-se um museu ferroviário e mesmo assim,
foi fechado novamente, para ser depois reaberto já nos anos
2000.
"Fechado há seis anos, o Museu Ferroviário de Juiz de Fora,
instalado no prédio da antiga estação da E. F. Leopoldina, será
reaberto, após um trabalho de revitalização do espaço. A reforma
foi viabilizada através de um convênio entre a Prefeitura e a RFFSA,
proprietária do imóvel e do acervo, com apoio da Lei Estadual de
Incentivo à Cultura. Foram investidos cerca de R$ 140 mil na recuperação
do acervo e em adaptação e modernização das instalações. A revitalização
contou ainda com a parceria da Sociedade Trilhos de Minas, ONG juizforana
de preservação da memória ferroviária.
Criado em 1985, o Museu conta a história da ferrovia através de
seu acervo: mobiliário, equipamentos, miniaturas, maquetes, instrumentos
de comunicação, locomotivas, fotografias e livros - distribuído
em cinco salas temáticas e organizado de forma didática no andar
térreo do prédio. Além dessas salas, há o hall de entrada, onde
podem ser vistos os bustos em bronze de dois incentivadores do transporte
ferroviário, Paulo de Frontin e Cristiano Otoni, e um painel com
informações sobre o prédio histórico da estação, tombado como bem
do patrimônio municipal. Integram ainda o museu um pátio interno
com duas locomotivas e um vagão - espaço que ganhou um projeto de
jardinagem - e os antigos armazéns da estação, que agora abrigam
o teatro de 78 lugares, totalmente reformado com troca de revestimentos
e estofados, além da Sala Multimeios.
A reforma do Museu incluiu obras de revisão da rede elétrica, pintura
externa e interna, nova programação visual, aquisição de equipamentos
técnicos de som e imagem, além de vitrines para exposição do acervo
e mobiliário, reforma de sanitários e troca de piso. Segundo Bernardo
Martins, diretor executivo da Sociedade Trilhos de Minas, a reabertura
do Museu deve ser comemorada não apenas por causa da recuperação
e preservação de seu rico acervo, mas principalmente por permitir
ao público conhecer o importante papel da ferrovia no desenvolvimento
de Minas e do Brasil. "Nossos filhos não têm a possibilidade de
saber como era o transporte na região", justifica ele, ressaltando
que os estudantes são o público alvo do museu. A reinauguração do
museu, segundo Martins, mostra a necessidade e a eficácia das parcerias
entre o poder público, a sociedade e a iniciativa privada na preservação
do patrimônio.
O prédio da antiga estação da Leopoldina e o acervo estão em processo
de tombamento pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e
Artístico de Minas Gerais (Iepha). Acervo: História da Ferrovia:
sala com painéis ilustrados sobre a história da ferrovia, da Revolução
Industrial aos primeiros trilhos no Brasil, com o Barão de Mauá,
passando pela chegada dos trilhos em Juiz de Fora, entre 1876 e
1877, e a criação da RFFSA; Agência da estação: sala que reconstitui
o ambiente de uma agência de estação nas primeiras décadas do século
XX; Sinalização e Via Permanente: sala com equipamentos de comunicação
e sinalização sonora e visual (bandeiras, sinos,
lanternas, telégrafo, telefones de parede, de mesa e portátil, peças
de linha férrea e ferramentas diversas); Escritórios Ferroviários:
sala ambientada para retratar os escritórios de ferrovias, com
mobiliário de época, rara coleção de relógios de estação, livros
e fotografias; Material Rodante e Aspectos Tecnológicos: sala com
placas originais de locomotivas e carros de passageiro, ambientação
de vagão de passageiro com peças originais e vitrines com instrumentos
de precisão, equipamentos de trabalho e louça e talheres ingleses
dos restaurantes dos carros de passageiros Visitas de segunda a
sexta, das 9h às 17h, na Avenida Brasil, 2.001" (Izaura
Rocha, Tribuna de Minas, 28/08/2003).
"Talvez para se comparar ao belo prédio da Central a Leopoldina
tambem caprichou no seu. Hoje o prédio é ocupado, no andar superior,
pela Advocacia Geral da União. o primeiro pavimento é agora uma
museu ferroviário (inaugurado em agosto último) que você não pode
deixar de visitar. O acervo, apesar de reduzido, foi muito bem aproveitado,
trabalho de profissionais. O curioso neste prédio é que encontrei,
como único indicio da presença da Leopoldina no passado, as tampas
em ferro fundido das caixas coletoras de águas pluviais, todas com
a inscrição L.R." (Gutierrez L. Coelho, 11/2003).
Vinte anos mais tarde, em março de 2023, tanto o museu quanto o prédio continuavam em excelente estado.
(Veja também JUIZ
DE FORA-EFCB)

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1927
AO LADO: Início das obras
da estação atual de Juiz de Fora da Leopoldina
(O Estado de S. Paulo, 8/12/1927).
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ACIMA: Mapa de Juiz de Fora em 1955, mostrando
as linhas da Central e da Leopoldina e o rio Paraibuna (IBGE:).

ACIMA: O último trem da Leopoldina,
com uma locomotiva diesel, a deixar a estação e trafegar
pelo ramal, em janeiro de 1972. Muita festa mas pouca manifestação
de perda pelo fechamento da linha... (Acervo Manoel Monachesi)
.ACIMA: Como estava o prédio da estação de Juiz de Fora da Leopoldina em 4/2/2023 (Foto Jorge A. Ferreira).
ACIMA: Como estava o interior co prédio, jpke museu ferrovário, da estação de Juiz de Fora da Leopoldina em 04/2023 (Foto Silvio Rizzo).

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TRENS
- De acordo com os guias de horários, os trens de
passageiros pararam nesta estação de 1884 a 1972.
Ao lado, um destes trens chega à estação
de Rio Novo, em 1961. Clique sobre a foto para ver mais detalhes
sobre esses trens. Veja aqui horários
em 02/1963 (Guias Levi). |
(Fontes: Silvio Rizzo, 2023; Jorge reira, 2001, 2002, 2003, e 2007 e 2023; Manoel
Monachesi; Acervo Ramon Brandão; Gutierrez L. Coelho; Izaura
Rocha; Tribuna de Minas, 2003; Edmundo Siqueira: Resumo Histórico
da Leopoldina Railway, 1938; Cyro Pessoa Jr.: Estudo Descritivo das
Estradas de Ferro do Brasil, 1886; Guia Geral das Estradas de Ferro
do Brasil, 1960; Guias Levi, 1932-80) |