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VXY Mogiana em MG
RMV - Linha-tronco
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Itirapuan (até 1966) / Engenheiro Behring (a partir de 1966)
Lavras
Ribeirão Vermelho
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Saída para o ramal de Lavras (até 1966): Costa Pinto
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ESTIVE NO LOCAL: SIM
ESTIVE NA ESTAÇÃO: NÃO
ÚLTIMA VEZ: 2006
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E. F. Oeste de Minas (1895-1931)
Rede Mineira de Viação (1931-1965)
V. F. Centro-Oeste (1965-1975)
RFFSA (1975-1997)
LAVRAS
Município de Lavras, MG
Linha-Tronco - km 392,828 (1960)   MG-0166
Altitude: 801 m   Inauguração: 01.04.1895
Uso atual: abandonada (2015)   com trilhos
Data de construção do prédio atual: n/d
 
 
HISTORICO DA LINHA: A linha-tronco da RMV foi construída originalmente pela E. F. Oeste de Minas a partir da estação de Ribeirão Vermelho, onde a linha de bitola de 0,76 chegou em 1888. A partir daí, a EFOM iniciou seu projeto de ligar o sul de Goiás a Angra dos Reis, passando por Barra Mansa por bitola métrica: construída em trechos, somente em 1928 a EFOM chegou a Angra dos Reis, na ponta sul, e no início dos anos 1940 a Goiandira, em Goiás, na ponta norte, e já agora como Rede Mineira de Viação. A linha chegou a ser eletrificada entre Barra Mansa e Ribeirão Vermelho, e transportou passageiros até o início dos anos 1990. Nos anos 1970, o trecho final norte entre Monte Carmelo e Goiandira foi erradicado devido à construção de uma represa no rio Paranaíba, e a linha foi desviada para oeste encontrando Araguari. Hoje a linha, já não mais eletrificada, é operada pela concessionária FCA.
 
A ESTAÇÃO: A estação de Lavras Oeste foi aberta em 1895, na linha de bitola métrica da EFOM, ligando-se a Ribeirão Vermelho, que tinha então o nome de Lavras. A partir de então, ficou convencionado que os nomes seriam Lavras (para Lavras Oeste) e Ribeirão Vermelho (para a antiga Lavras).

Nesta estação, a partir de 1918, mesmo ano em que foi aberta a oficina da ferrovia, passou a chegar o ramal de Lavras, então da E. F. Sapucaí e depois da RMV, vindo de Três Corações.

Entre Lavras e Ribeirão Vermelho existiu por muito tempo a bitola mista para permitir que os trens procedentes de Barbacena chegassem até Lavras por bitola de 0,76 m: "O Sr. Miguel Calmon, Ministro da Indústria e Viação, autorizou o Diretor da Estrada de Ferro Oeste de Minas a prolongar de Ribeirão Vermelho a Lavras a bitola de 76 cm, fazendo colocar um terceiro trilho no trecho da estrada compreendido entre aqueles pontos, de modo a evitar os trens especiais e a baldeação em Ribeirão Vermelho" (O Estado de S. Paulo, 29/11/1907).

A partir de 1966, com a remodelação das linhas na região, os ramais de Lavras a Três Corações e de Lavras a Divinópolis - este uma retificação de parte da antiga bitolinha de 0,76 cm - passaram a sair da estação de Prudente, pouco depois renomeada como Engenheiro Behring.

O prédio da estação já não é o mesmo dos anos 1920; se é, o
segundo andar foi desmanchado e o prédio, terrivelmente desfigurado. "O complexo da estação está em péssimo estado de conservação. O saguão está pichado, com muito lixo, e não possui portas; o fedor é quase insuportável, os galpões estão sem telhas ou telhado. Conversando com pessoas da região, foi-me relatado que os prédios estão sendo usados por marginais e drogados" (Carlos Euclides Miguez, 11/2005).

LEIA SOBRE DIVERGÊNCIAS SOBRE DATAS NAS INAUGURAÇÕES DE RIBEIRÃO VERMELHO, LAVRAS E OLIVEIRA CLICANDO AQUI.


"Semana passada reuni-me a uma comitiva que ia percorrer uma parte de Minas Gerais servida pela E. F. Oeste de Minas que ainda não visitara. Fomos pela E. F. Central até Barra Mansa, donde fizemos rumo à Mantiqueira, beiramos depois um trecho navegável do rio Grande (alto Paraná), passamos depois à bacia do S. Francisco até Belo Horizonte e só a deixamos pela do Paraibuna e Paraíba, primeira estrada entre o rio e as serras do Ouro, por onde a E. F. C. B. nos restituiu ao ponto de partida. Embarcamos 5ª feira às 11 da noite, chegamos 2ª quase às mesmas horas. Pouco faltou para completarmos 2.000 quilômetros. Iam o Ministro da Viação, com quem tenho relações vagas, e o Presidente de Minas, eleito Vice-Presidente da República no próximo quatriênio (nota deste autor: trata-se de Delfim Moreira), a quem fui apresentado um pouco a contragosto. Houve almoços, jantares, discursos, hino nacional a valer. Passamos por Turvo, Lavras, Oliveira, Itapecerica, Divinópolis e Belo Horizonte. Não havia veículos, exceto em Lavras, onde existe uma linha de bondes, e de tantas cidades só apreciei o que é visível da estação ou do trem. Em Lavras, além de um grupo escolar dirigido por pessoa competente, há um colégio protestante com internato numeroso para meninos, escola agrícola e curso para meninas. Com o diretor, Dr. Gammon, conversei bastante: pareceu-me homem de valor. É natural de Virginia, portanto, estadunidense, como começam a dizer. De sete em sete anos tem uma licença e vai refazer-se. Em geral não volto satisfeito de excursões ferroviárias. O traçado primitivo devia cortar plantações, mas hoje à beira das linhas apenas se avista uma vegetação que não teve ainda tempo de virar capoeira. Só em um ponto ou outro veem-se cabeças de gado. Ainda mais aborrecem os cortes, que por baixo de uma tênue camada de terra aproveitável mostram jazidas de rocha em grau variado de decomposição".
1918
AO LADO:
Capistrano de Abreu, escritor e poeta cearense, percorreu em 1918 boa parte da EFOM então existente. Ele relata a viagem, onde uma das estações citadas era Lavras, a seu amigo João Lucio de Azevedo em carta de 7 de agosto de 1918 enviada do Rio de Janeiro.

ACIMA: Mapa do município de Lavras, como era em 1930 (CLIQUE NA FIGURA PARA AMPLIAR). Notar as linhas existentes EM VERMELHO: do sul para noroeste, a linha-tronco da então EFOM; no norte, seguindo de Ribeirão Vermelho para o leste, a bitolinha de 60 cm; de Lavras para sudoeste, a ligação com Três Corações. Notar que Lavras ainda englobava diversas estações e distritos que hoje são independentes, como Ribeirão Vermelho, Carrancas e outros (Autor desconhecido).

ACIMA: Foto rara, mostrando o trem da bitolinha chegando em Lavras, vindo de Aureliano Mourão. Provavelmente anos 1930. Notar os trilhos da bitola de 0,76 m junto à plataforma, mostrando que, para os trens da métrica, o embarque seria na pista (Acervo Ronan P. Carvalho).

ACIMA: Estação de Lavras em 1940 (Museu Bi Moreira de Lavras).

ACIMA: Bonde da cidade de Lavras nos anos 1950 (IBGE: Enciclopedia dos Municipios Brasileiros, vol. XXV, 1959, p. 445).

ACIMA: Imagens do pátio hoje abandonado de Lavras. Casa em ruínas e almoxarifado (Fotos Gutierres L. Coelho em novembro de 2007).

ACIMA: Prédio das antigas oficinas de Lavras, também abandonado (Foto Gutierres L. Coelho em novembro de 2007).

(Fontes: Bruno Nascimento Campos; Ronan Augusto de Carvalho; Renato Loibeck; Carlos Euclides Miguez; Illustração Brasileira, 1911; Mucio Jansen Vaz: Estrada de Ferro Oeste de Minas - Trabalho Historico-Descriptivo, 1922; Acervo RFFSA; O Estado de S. Paulo, Seção "Há 100 Anos Atrás", 29/11/2007; José Honório Rodrigues: Correspondência de Capistrano de Abreu, volume 1, Rio de Janeiro, 1954; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960)
     

Em 1911, no pátio de Lavras, o futuro governador de São Paulo, Pedro de Toledo, posa à frente da máquina no início de uma viagem a Carrancas. Foto da revista Illustração Brasileira

A estação em 1922. Foto do livro "Estrada de Ferro Oeste de Minas - Trabalho Historico-Descriptivo" de Mucio Jansen Vaz (1922), cedida por Bruno N. Campos

A estação de Lavras, provavelmente anos 1980. Acervo RFFSA

A estação em 1961. Foto Renato Loibeck

Estação de Lavras, c. 2000. Foto Ronan Augusto de Carvalho

Estação de Lavras, em 10/2005, com o trem de minério chegando. Foto Carlos Euclides Miguez

Estação de Lavras, em 10/2005. Foto Carlos Euclides Miguez

Estação de Lavras abandonada em 13/3/2016. Foto Fernando Marietan
 
     
Atualização: 17.11.2022
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